sexta-feira, 9 de julho de 2010

DOM DE CURAS



“a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas”. (1Cor 12,9)

O Dom de curas foi um dos dons plenamente vivenciados por Jesus como sinal de que o Reino de Deus havia chegado, de que se iniciava uma nova época de integridade física, moral e espiritual para o homem. O próprio Jesus disse isto quando João Batista mandou interrogar-lhe se era Ele mesmo o que haveria de vir ou deveriam esperar outro. “Voltem e contem a João tudo o que viram e ouviram: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam...” (Lc 7, 20-22).

Jesus veio para restaurar a ordem e para criar um homem novo. No primeiro Adão encontramos a morte da alma e do corpo; no novo Adão deveria ser restituída a vida em toda a sua plenitude. Ele veio para libertar-nos de todas as enfermidades físicas, quer das espirituais, tomando sobre si os nossos pecados, quer das enfermidades físicas, suportando também nossas doenças. Isaías já profetizava: “eram as nossas doenças que ele carregava, eram as nossas dores que ele levava em suas costas” (Lc 53, 4).

Todos quantos se aproximaram de Jesus foram curados. Curou-os nas estradas, dentro de casa, nas sinagogas e mesmo à distância: __ “Eu ordeno a você: levante-se, pegue a sua cama e vá para casa” (Mc 2,11). __ “Estende a tua mão” (Lc 6,10). __ “Pode ir, a sua fé curou você” (Mc 10,52). __ “Vá se lavar na piscina de Siloé” (Jo 9,7) e, nenhum dos que se dirigiu a ele, Jesus disse: “aceita a tua enfermidade como bênção de Deus ou como sinal de predileção do Pai”. Em vez disso curou a todos, considerando as enfermidades como males que deveriam ser combatidos e eliminados. Por isso, é bom lembrar que as doenças não são bênçãos de Deus para nossa purificação. É antes de tudo um mal e, portanto, só podem ter origem da fragilidade humana ou então é ação daquele que é o maligno por excelência, satanás.

Desta forma, as curas não foram qualquer coisa complementar do ministério de Jesus. Ele não as chamou de milagres, mas de “obras de Deus”, isto é, componentes essenciais de sua missão salvífica, pois veio para libertar os homens de todos os males causados pelo pecado.

Os apóstolos então compreenderam que, o ministério das curas não havia sido cancelado com a ascensão de Jesus, mas que queria prolongá-lo através deles até o fim do mundo. Foi o poder que o Senhor conferiu a eles quando os mandou pela primeira vez a pregar o reino de Deus, deu-lhes os mesmos poderes carismáticos que Ele possuía: “curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios” (Mt 10,8).

Depois de Pentecostes, Cheios do Espírito Santo e conscientes de terem recebido a mesma missão e os poderes do Mestre, puseram em prática a graça recebida. Pedro foi o primeiro a viver esta experiência ao dizer ao paralítico na entrada do Templo: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu lhe dou em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levante-se e comece a andar”(AT 3,6).

Esta graça, porém, não foi conferida somente a eles, mas também aos simples fiéis. Paulo assinalava que os fiéis de Corinto possuíam efetivamente este dom (1Cor 12,9). Portanto, o dom de curas é uma reserva incomensurável que está à disposição de todo corpo místico de Cristo. È um dom real do Espírito santo, mas que requer nossa cooperação, tanto para quem ora, como para quem pede a cura.

Nisso, há certas condições que precisam ser preenchidas e que depende de nós. Não que tais condições sejam normas rígidas e válidas para todos, pois o Espírito não se deixa aprisionar, mas necessárias para que O sirvamos como instrumentos de sua glória. São medidas simples que fazem parte desse ministério:

1)Prepararmo-nos pela oração, expressando-nos com hinos de louvor, adoração, abrindo-nos a todos os carismas;

2)Pedirmos o dom do discernimento ao Espírito para conhecermos a verdadeira causa da enfermidade, quais as causas, quais os planos de Deus para o enfermo;

3)preparar o enfermo para o arrependimento ou fortalecimento de sua fé;

4)A imposição das mãos - Jesus nos orienta: “Imporão as mãos sobre os doentes e eles ficarão curados” (Mc 16,18b) ;

5) Oração de autoridade- Sabemos que “somos curados graças às chagas de Cristo”, apossemo-nos deste nome poderoso e oremos com fé, como ensina Pedro: “sê curado em nome de Jesus Cristo”. Outro ponto a não ser esquecido é, a oração em línguas que é um meio muito eficaz, por se tratar de palavras que provêm do próprio Espírito.

Já as condições que se impõem aos enfermos, sejam de doenças físicas ou psicológicas, é o desejo de querer ficar curado e Pedir a cura a Jesus- Jesus sabe de nossas dores, mas quer que façamos nossa parte. “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim”! Pedir a cura com fé, pois ela é condição indispensável que Jesus apresentou para aqueles que dele se aproximaram: “Filha, a tua fé te salvou” (Mc 5,34); Remover os eventuais obstáculos que poderão bloquear a intervenção divina: pecados graves não confessados ou não se pediu perdão; a obstinação em não querer perdoar o mal que os outros fizeram; fortes ressentimentos de ódio ou rancor ou manifestar nenhum desejo de mudar de vida, pois, a “ cura não é um fim em si. Ela é ordenada a um bem superior, ou seja, a conversão que liberta todo o homem do domínio de Satanás, o que, certamente não poderá acontecer se o próprio homem quiser permanecer na morte espiritual”.

Deus, no entanto, poderia curar a todos sozinho. Para Ele nada é impossível e sempre age em favor de seu povo. Mas, nos chamou a estarmos com ele nessa missão de salvação. È dele que vem a missão de “Podermos cooperar na recuperação da saúde de um doente, bem como na libertação de quem se encontra aprisionado. Mesmo que Deus queira agir através do processo natural, a bênção da cura ou da libertação sempre é originada nele e foi alcançada pela intercessão do ministro que orou com simplicidade e fé carismática”.

Leila Lemos
Conselheira Geral da Bênção

domingo, 4 de julho de 2010



Em alguns períodos da nossa vida, podemos detectar em nós alguns dos sintomas da tibieza: a frieza, a apatia, o desânimo, a insatisfação com Deus e conosco mesmo, a falta de estímulos para a oração diária, e até mesmo a falta de forças para decidir por algo ou desistir de alguma coisa. Se sofremos deste mal, há esperança para nós e o remédio é infalível: precisamos de um novo, belo e santo Pentecostes!

É preciso, em primeiro lugar, tomar consciência da nossa condição de necessitados de uma renovação constante do Espírito Santo em nossa vida. O clamor constante e a abertura necessária à ação da graça farão de nós homens e mulheres fervorosos, capacitados pelo Espírito a transbordar no mundo o amor infinito de Deus.

Uma alma tíbia é uma alma morna, fraca, preguiçosa, desanimada e sem fervor. Esta “doença” traz sérias conseqüências, não só à nossa vida espiritual, mas a todas as realidades da nossa existência. Ela é consequência do pecado e desenvolve-se com facilidade nas almas que não são muito amigas das renúncias, sacrifícios e orações. Mas pouco adianta dizer, simplesmente, que é preciso aplicar à doença da tibieza o remédio do fervor. Seria como dizer a um doente que o remédio para ele é a saúde, ignorando que este é o seu problema: a falta de saúde.


O único remédio contra a tibieza é o Espírito Santo, porque não existe verdadeiro fervor se não for inflamado pelo fogo do Espírito. O pecado endurece o coração e torna a pessoa indiferente a Deus. O Espírito nos aponta as raízes do pecado, fortalece-nos para a batalha, fecunda em nós os seus dons, purifica-nos, aquece e inflama o nosso ser.

O Espírito Santo não se contenta em purificar-nos do pecado, mas prolonga a sua ação em nós até nos fazer “fervorosos no Espírito”. Comporta-se em nós como o fogo quando se apega à lenha úmida: primeiro a expurga, arrancando-lhe com barulho todas as impurezas, depois a inflama progressivamente, até que se torne toda incandescente e ela mesma se transforme em fogo. Ele, que faz novas todas as coisas, quer fazer fervorosos os homens tíbios.

Concretamente, isto quer dizer que o Espírito Santo nos preserva de cair na tibieza, e se por acaso já nos encontrarmos neste estado, livra-nos dela. É impossível sair da tibieza sem uma intervenção decisiva do Espírito; se tentarmos fazê-lo mergulharemos ainda mais no pecado do orgulho.

Olhemos para os apóstolos antes de Pentecostes: eram tíbios, incapazes de vigiar uma hora, discutiam sempre sobre quem seria o maior, ficavam espantados diante de qualquer ameaça. Depois que o Espírito veio sobre eles como línguas de fogo, tornaram-se a imagem viva do zelo, do fervor e da coragem. Fervorosos no pregar, no louvar a Deus, no fundar e organizar as Igrejas e, enfim, no sacrificar a vida por Cristo.

Cirilo de Jerusalém escreve: “Os apóstolos receberam o fogo que queima os espinhos dos pecados e dá esplendor à alma”, e um escritor medieval escreve: “O Paráclito que, em línguas de fogo, desceu sobre os apóstolos e os discípulos, desce também sobre nós como fogo: para queimar e destruir a culpa, para purificar a natureza, para consolidar e aperfeiçoar a graça, para expulsar a preguiça de nossa tibieza e acender em nós o fervor do seu amor” (Hermann de Runa, Sermões Festivos, 31).

Muitos santos passaram por um longo período de tibieza, mas nenhum deles foi santo sem ter sido encharcado, queimado, transformado pelo poder e ação viva do Espírito Santo.

“Passei nesse mar tempestuoso quase vinte anos, ora caindo ora levantando. Mas levantava-me mal, pois tornava a cair. Tinha tão pouca perfeição que, por assim dizer, nenhuma conta fazia de pecados veniais. Se temia os mortais não era a ponto de me afastar dos perigos. Sei dizer que é uma das vidas mais penosas que se possa imaginar. Nem me alegrava em Deus, nem achava felicidade no mundo. Em meio aos contentamentos mundanos, a lembrança do que devia a Deus me atormentava. Quando estava com Deus, perturbavam-me as afeições do mundo” (Santa Teresa de Jesus, Vida, 8,2).

Quando invocamos o Espírito, clamamos: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”, e ainda: “Aquece o que está frio”. Às vezes este clamor também é frio, porque fria é a nossa esperança. Em Ezequiel 37 temos outra imagem clara de um povo tíbio: “nossos ossos estão secos, nossa esperança está morta”, mas é a poderosa ação do Espírito Santo que faz estes ossos secos retornarem à vida.

Com o auxílio da graça, portanto, é possível sair da tibieza e passarmos da condição de frios e temerosos a fervorosos no Espírito!