sábado, 30 de janeiro de 2010

Orar diariamente é uma necessidade


Antes de ser um fenômeno cristão, a oração é um fenômeno antropológico. Todos os homens, de uma forma ou de outra, rezam, sentem a necessidade de se relacionar com Deus, de buscar o transcendente.

O diálogo com Deus ocupa, sem dúvida, o primeiro lugar para quem decide dar-se uma vida interior mais intensa. Qualquer pessoa que queira desenvolver sua vida espiritual deve todos os dias encontrar tempo suficiente para dedicar-se a oração.

Perceber, vivenciar e sentir a presença de Deus em nós é oração.

Rezar não é formular palavras, pensamentos. É estar e viver diante do Deus que escolhemos e que nos escolheu como sua morada preferida.

Nunca Deus se manifesta a nós inutilmente. O rezar, o encontrar-se com o amado, sempre é positivo. A meditação e a contemplação não devem ser consideradas na linha da produtividade, mas na dinâmica do amor, na busca de forças para ser testemunhas vivas do Ressuscitado.

Os efeitos de quem vive em constante oração e na presença de Deus, manifestam-se no dia-a-dia e são percebidos no trabalho e nos compromissos diários.

Viver em atenção amorosa ao Deus vivo produz em nós mudanças radicais e atitudes diferentes no nosso agir.

Vejamos aqui alguns exemplos do estar à presença de Deus em uma atitude orante:

1. A maior concentração
Na presença amorosa de Deus, o nosso espírito se concentra com maior facilidade, deixando de lado as preocupações. Deus torna-se o centro de nossas ações. Todas as coisas nos levam para Ele e partem d’Ele.

2. Rezar sem cessar
Transformar a oração em atitude e não simplesmente em atos esporádicos do nosso dia-a-dia é o ideal de todo orante. Quem vive na presença de Deus, sente que se move, age dentro do mistério do amor e da presença do infinito. É o caminho a seguir para que as palavras de Jesus sejam realidade: “Orem sem cessar... nunca desanimem”. Tudo o que acontece ao nosso redor transforma-se em motivo de contemplação.

3. Na oração supera-se a solidão
O medo de estar sozinho, abandonado pelos outros, é superado pela oração. Na certeza da fé não somente sabemos que Deus vive em nós, mas que vivemos Nele. O Salmo 23 muito nos pode ajudar a descobrir esta presença amiga e fortalecedora. Na oração o drama da solidão é superado na experiência de um Deus presente e amigo. “É estar sempre em boa companhia, como a de Deus, que nos dá felicidade”.

4. Deus é alegria infinita

Sentimos renascer dentro de nós a esperança, o otimismo, a vontade de viver. Deus é alegria infinita que descobrimos lenta, mas definitivamente. Sem medo ou receios, caminhamos na busca do essencial. Um novo desejo de servir, de evangelizar, de fazer o bem nos envolve e nos obriga a sair do pequeno mundo dos nossos egoísmos.

5. “Sê perfeito e anda na minha presença”
Sentimo-nos melhor com o desejo de caminhar na presença de Deus. Lutamos contra a mediocridade da vida. A radicalidade do seguimento do Evangelho transforma-se em um ideal concreto, em compromisso assumido na nossa oração diária. Assim superamos com maior facilidade os sofrimentos, os desânimos e as contrariedades da vida.

6. A presença dos irmãos nos revela a presença de Deus
Vivemos com maior alegria o convívio com nossos irmãos, temos mais capacidade de perdoar e amar. A presença dos outros nos revela a própria presença de Deus. A presença de Deus feito vida transforma nossa existência, faz-nos criaturas novas.

Trechos extraídos do livro “Catecismo de Oração”, de Frei Patrício Sciadini, ocd

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Por que rezar?




Muitos podem se perguntar por que devem rezar. Eu sempre digo: a oração não muda nada em Deus. Ele é Imenso, Todo-Poderoso, Todo-Misericordioso, continua sempre o mesmo. Mas nós, à medida que rezamos, sentimos tudo se transformar em nossa vida. Desde o mais íntimo do coração, a mudança se faz. Uma pessoa que ora, transforma a si, aos outros e o ambiente onde está cumprindo sua missão. Mas a vida de oração não é nada fácil. Estão aí os grandes mestres de todos os tempos em nossa Igreja para nos ajudar.

Muitas vezes, as “noites escuras” de São João da Cruz se fazem presentes. Quem é que nunca passou por um deserto espiritual? Quem é que nunca se sentiu árido na vida de oração? Tudo isso faz parte da caminhada. O importante é perseverar e saber esperar. Santo Ignácio de Loyola fala de tempos de desolação. Mas temos também os tempos de consolação, afirma o mesmo santo [Ignácio]. Estes nos servem como reservatórios de céu... São aqueles momentos marcantes, nos quais a presença de Deus foi "sensível", foi irrefutável... Esses momentos ficam na memória do coração e nos reabastece por uma vida! Com Deus, devemos conversar como com um amigo! Aliás, para mantermos uma amizade, o diálogo contínuo se faz necessário.

Quando deixamos de falar com alguém, deixamos o espaço de tempo sem encontro ser muito grande, perdemos a intimidade, perdemos o brilho da amizade. Da mesma forma, com o Senhor, temos que renovar nossa amizade e o carinho por Ele e pelos que são d'Ele todos os dias. O encontro diário deve ser agradável. Devemos "marcar encontros" efetivos e afetivos com Nosso Senhor e Amigo. Efetivos no sentido de cumprirmos verdadeiramente o horário e o lugar e, de preferência, sempre os mesmos.

Crie o seu tempo e espaço de oração. E afetivos, porque devem ser marcados pelo amor, acima de tudo, encontros de louvor e ação de graças. Essa experiência nos faz experimentar o céu, e mesmo quando as nuvens parecerem encobrir o brilho do Sol, no coração uma certeza permanecerá: o Sol sempre estará lá, com seu intenso brilho! A vida de oração nos faz perceber que onde parece não haver caminho para nós, Deus faz um. Quantos são os testemunhos neste sentido? "Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo" (1Ts 5,17-18).

Que Maria, Mulher do silêncio e Mestra de nossa vida espiritual, seja nossa companheira e guia!

Pe. Rinaldo Roberto de Rezende