domingo, 13 de dezembro de 2009

Adoração



Dos Santos Magos está escrito que, depois de deixar para trás em Jerusalém as discussões dos sacerdotes e as intrigas de Herodes, recomeçaram com intensa alegria a seguir a estrela, encontraram o Menino e “prostrando-se, o adoraram” (Mt 2,11). Para nós, com efeito, chegou o momento de nos prostrarmos e adoarar.

Se o pecado que torna os homens “sem desculpas” é o de não reconhecer a Deus como Deus, então seu antídoto específico é únicamente a adoração, por ser reservada exclusivamente a Deus, atesta adequadamente que se reconhece a Deus “como Deus”. Na adoração é levado à expressão máxima aquilo que o Apóstolo chama “prestar glória e dar graças”, isto é, o reconhecimento e a gratidão para com Deus.

Foi no Novo Testamento – dizíamos acima – que elevou a palavra “adoração” a essa dignidade que antes não tinha. No Novo Testamento, toda vez que se tenta adorar alguém que não seja Deus em pessoa, a reação imediata é: “Não faças isto! A Deus é que se deve adorar (cf. Ap 19,10; 22,9; At 10-25-26; 14,13s). Como se, caso contrário, se incorresse num perigo mortal. A Igreja acolheu esse ensinamento, fazendo da adoração o ato por excelência do culto de latria, distinto do chamado dulia, reservado aos Santos, e da hiperdulia, reservado a Nossa Senhora. A adoração é, pois, o único ato religioso que não se pode oferecer a ninguém no universo inteiro, nem sequer à Santíssima Virgem, mas só a Deus. Disso lhe provém sua dignidade e forças únicas.

Mas em que consiste ao certo e como se manifesta a adoração? A adoração pode ser preparada por uma longa reflexão, mas termina com uma intuição e, como qualquer intuição, não têm longa duração. É como um lampejo de luz dentro da noite. Mas de uma luz especial: não tanto luz de verdade, como luz da realidade. É a percepção da grandeza, majestade, beleza e, juntamente, da bondade de Deus e de sua presença que tolhe a respiração. É uma espécie de naufrágio no oceano sem margens nem fundo da majestade divina. Mas “naufragar” é doce nesse mar”.

Uma expressão de adoração mais eficaz que qualquer palavra é o silêncio. Com efeito, ele exprime por si mesmo que a realidade supera qualquer palavra. Com que força ressoa na Bíblia a intimação: “Cale-se diante dele toda a terra!” (Hab 2,20) e: “Silêncio na presença do Senhor Deus!” (Sf 1,7). Quando “os sentidos estão envolvidos num silêncio limitado e com ajuda do silêncio envelhecem as recordações”, então só nos resta adorar.

Conforme alguns, a própria palavra “adorar” indicaria, em latim, o gesto de pôr a mão sobre a boca, como para impor a si mesmo o silêncio. Se isso for verdade, foi um gesto de adoração o de Jó, quando, ao encontrar-se sozinho face a face com o Onipotente, no fim de sua aventura, diz: “Sim, fui leviano; que te replicarei? Ponho a mão sobre minha boca” (Jó 40,4). Nesse sentido, o versículo de um salmo, depois incluído na liturgia, rezava no texto hebraico: “Para ti o silêncio é louvor”, Tibi silentium laus! (sl 65,2, texto masorético). Adorar, segundo a estupenda expressão de são Gregório Nazianzeno citada acima, significa elevar a Deus um “hino de silêncio”. Assim como, à medida que se escala uma alta montanha, o ar vai ficando rarefeito, assim à medida que nos avizinhamos de Deus a palavra deve tornar-se mais breve, até chegar, no fim, à completa mudez e unir-se em silêncio àquele que é inefável.

Se se quiser dizer alguma coisa precisamente para “prender” a mente e impedi-la de vagar em outros objetos, convém fazê-lo com a palavra mais breve que existe: Sim, Amém. De fato, adorar é consentir. É permitir que Deus seja Deus. É dizer sim a Deus como Deus e a si mesmo como criatura de Deus. E é, por isso, o remédio para desespero, que consiste precisamente, como vimos, num “recusar desesperadamente ser aquilo que se é”, isto é, dependente de Deus.

A adoração exige, pois, que se reze e se cale. Mas seria tal atitude digna de um homem? Não o humilha, ferindo sua dignidade? Ou melhor, seria ela verdadeiramente digna de Deus? Que Deus é esse, se necessita que suas criaturas se prostrem por terra diante dele e se calem? Seria talvez Deus semelhante a um desses soberanos orientais que inventaram a adoração em seu proveito? Inútil é negá-lo, a adoração comporta para as criaturas também um aspecto de radical humilhação, um se tornar pequeno, um entregar-se. Foi exatamente isso, como vimos, que obstou a que os pagãos adorassem a Deus como Deus. A adoração sempre comporta um aspecto de sacrifício, de imolação de qualquer coisa. Precisamente assim, ela atesta que Deus é Deus e que nada nem ninguém tem direito de existir diante dele, a não ser graças a ele. Com a adoração, imola-se e se sacrifica o próprio eu, a própria glória, a própria auto-suficiência. Mas essa glória é falsa e inconsistente, e desfazer-se dela é para o homem uma libertação.

Adorando, “liberta-se a verdade antes prisioneira da injustiça”. A pessoa torna-se “autêntica” no sentido mais profundo da palavra. Na adoração antecipa-se já o retorno de todas as coisas a Deus. O indivíduo abandona-se ao sentido e ao fluxo do ser. Assim como a água encontra a paz fluindo para o mar, e o pássaro, a alegria abandonando-se ao curso do vento, assim o adorador na adoração. Adorar a Deus não é pois um dever, uma obrigação, quanto um privilégio, ou melhor, uma necessidade. O homem carece de alguma coisa majestosa para amar e adorar! Ele é feito para isso. Não é, pois, Deus quem precisa de adoração, mas o homem, de adorar.

Acreditava, Kierkegaard, que “o homem, cujo corpo se ergue para o céu, é um ser que adora. Sua estatura é o sinal que o contradistingue, mas a capacidade de prostrar-se em adoração é uma característica ainda maior. A glória suprema consiste em ser nada adorando. Alguns percebem a semelhança com Deus no poder da dominação. Mas não é dominando como Deus que o homem é semelhante a Deus. A semelhança se encontra no interior de uma infinita diferença. Explico-me: o homem e Deus se assemelham em uma relação não direta, mas inversamente proporcional. Para haver semelhança entre eles é preciso que Deus se torne o objeto eterno e onipresente da adoração e que o homem se torne uma criatura incessantemente adoradora. Se o homem pretende tornar-se semelhante a Deus mediante a dominação, esquece Deus e, desaparecido Deus, brinca de soberano em sua ausência. Isto é o paganismo: a vida do homem na ausência de Deus”.

Mas a adoração deve ser livre. O que torna a adoração digna de Deus e simultaneamente digna do homem é a liberdade, entendida não só negativamente como ausência de coação, mas também positivamente como ímpeto alegre, dom espontâneo da criatura que exprime assim a alegria de não ser ela mesma Deus, para poder ter acima de si um Deus para adorar, admirar, celebrar.

Também para Deus o valor da adoração está na liberdade. “Eu mesmo sou livre, diz Deus, e criei o homem à minha imagem e semelhança... A liberdade dessa criatura é o mais belo reflexo da liberdade do criador que haja no mundo...Quando uma vez se experimentou o ser amado livremente, as submissões não têm mais gosto algum. Quando se provou o ser amado por homens livres, a prostração dos escravos não têm mais sentido algum”.

“Senhor eu não posso abster-me de amar-te; eu preciso de algo majestoso para amar. Há em minha alma a necessidade de uma majestade que nunca, nunca me cansarei de adorar”.

(Texto retirado do livro Subida ao Monte Sinai de Raniero Cantalamessa, capítulo 28, Algo Majestoso para amar, págs 165 a 169, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1997).

domingo, 22 de novembro de 2009

CAMINHO ESPIRITUAL - AO ENCONTRO DO SENHOR



Temos que nos dispor para sair ao encontro do Senhor. Saiamos agora para fora e avancemos por cima de nós mesmos até Deus. É preciso renunciar a todo querer, desejar o atuar próprio. Nada mais que a intenção pura e desnuda de buscar só a Deus, sem o mínimo desejo de buscar-se a si próprio nem coisa alguma que possa redundar em seu proveito. Com vontade plena de ser exclusivamente para Deus, de conceder-lhe a morada mais digna, a mais íntima para que Ele nasça ali e leve a cabo sua obra em nós, sem sofrer impedimento algum.

Com efeito, para que duas coisas se fundam é necessário que uma seja paciente e a outra se comporte como agente. Unicamente quando o olho está limpo é que poderá ver um quadro pendurado na parede ou qualquer outro objeto. Impossível seria se houvesse outra pintura gravada na retina. O mesmo ocorre com o ouvido: enquanto um ruído lhe ocupa, está impedido de captar outro. Como conclusão, o recipiente é tanto mais útil quanto mais puro e vazio.

A esse sossego do espírito se refere o cântico da Missa que começa: “Quando um sossegado silêncio tudo envolvia” (Sb 18, 14). Em pleno silêncio, toda a criação calava na mais alta paz da meia noite. Então, oh Senhor, a Palavra onipotente deixou seu Trono para acampar em nossa tenda (Liturgia de Natal). Será então, no ponto culminante, no apogeu do silêncio, quando todas as coisas ficaram submersas na calma, somente então, se fará sentir a realidade desta Palavra. Porque, se queres que Deus fale, faz falta que tu cales. Para que Ele entre, todas as coisas deverão ter saído”.

A isto se referia Santo Agostinho quando dizia: "Esvazia-te para seres preenchida, sai para entrar". E em outro lugar: "Oh tu, alma nobre, nobre criatura, por que buscas fora a Quem está plena y manifestamente dentro de ti? És partícipe da natureza divina".


Johannes Tauler OP (Juan Tauler/1300-1361)
Instituciones, Temas de oración, CI 9

terça-feira, 17 de novembro de 2009

É de Deus que as bênção vem!

Nesse último domingo, dia 15 de novembro, reunimos na Casa Graça e Paz os servidores do Apostolado da Bênção de todos os DJCs Locais e missão. Foi um Encontro de Formação querigmática e aprofundamento da Missão reservada por Deus para esse apostolado.

Acredito que muitas bênçãos foram derramadas, pois percebi todos com o coração desejosos de receber da provisão de bênçãos que o Senhor já havia reservado para nós,"pois para isto fostes chamados: para serem herdeiros da bêncão" (1Pd 3,9).

Partilhamos com vocês, nossos irmãos, algumas fotos desse precioso momento.














Que sejamos, sob a graça do Espírito Santo, ministros das bênçãos do Senhor!

Leila Lemos
Conselheira do Apostolado da Bênção

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Disciplina Comum 2010 - Apostolado da Bênção

DISCIPLINA COMUM 2009
APOSTOLADO GERAL DA BÊNÇAO

Objetivo geral do DJC
Reavivar e desenvolver integralmente a vida cristã-batismal na perspectiva do seguimento de Jesus Cristo.

Objetivo específico do Apostolado da Bênção
Evangelizar na unção do Espírito Santo com querigma, mistagogia e parresia dentro das quatro dimensões: espiritualidade, testemunho, apostolado e eclesialidade, por meio da intercessão de Nossa senhora e através da Oração Cristã, pregação da Palavra de Deus para que as pessoas encontrem Jesus, convertam-se e perseverem na caminhada discipular do DJC, tornando-se discípulos e formando novos discípulos.

Estratégias
Considerando o Método de Evangelização e Acompanhamento de Discípulos do DJC:
- Fortalecer o Ministério de Intercessão a Nível Geral, nos encontros semanais de intercessão pelo o conjunto do DJC, por seus membros e pelos eventos locais;
- Acolher para evangelizar, unindo querigma, mistagogia e oração de bênção no Siloé, Reavivamento no Espírito Santo e nos demais eventos e atividades de evangelização que realizarmos dentro da caminhada do DJC. (priorizando o siloé)
-Servir nos eventos do DJC sempre pedindo a proteção da Virgem Maria para que nos conduza ao seu filho Jesus fazendo-nos instrumentos de bênçãos na vida de cada irmão que necessitar. .
-Crescer no nosso ministério especifico buscando formações especificas, visitando o site especifico da Bênção e, utilizando os subsídios do Discipulado.
-Utilizar e orientar no decorrer da nossa caminhada discipular o uso da Bíblia, Catecismo da Igreja e dos subsídios do DJC.
- Ler, estudar e divulgar entre as pessoas as Publicações do Discipulado (Irmanador Discipulado, Agenda da Caminhada Discipular e Temários de Meditação Orante da Palavra de Deus - MOPDs), assim como o uso da camisa do DJC.

Ministerialidade
Considerando a Estrutura Básica do nosso DJC, temos a seguinte Ministerialidade:
Acompanhante Geral: Pe. Marcos Oliveira
Conselheira Geral da Bênção: Leila Lemos
Articulador do Apostolado da Bênção:
Cascavel: Marister Pereira
Fortaleza:: Ercílio e Marlene
Palmacia: Vera Lúcio
Vila Manoel Sátiro :Fátima Gondim


Agenda
Fraternidade de Aliança: Todas segundas e quartas segundas-feiras de cada mês
Corpo de Apostolado Local: terceiras segundas-feiras, 19h
Dia 24/01/09-Retiro de espiritualidade e Celebração da Aliança- Casa Graça e Paz
Reavivamento no Espírito Santo: Dias 14,15 e 16 de Fevereiro- Vila Olímpica do Canindezinho
Graça e Paz: 25 de julho, 15h
Encontro de Espiritualidade, formação e oração:?????

MEDITAR E FECHAR DISCIPLINA NO ENCONTRO VOCACIONAL DO DIA 15/11/09

domingo, 1 de novembro de 2009

Se conhecesses o dom de Deus...

O encontro entre Jesus e a samaritana reflete o encontro de duas sedes: a sede de Deus pela alma do homem e a sede do homem por Deus. Por vezes, ao ler esse texto, imagino Jesus naquele sol escaldante, fatigado, cansado, sem forças, sentado ao lado de uma fonte, e o pior, em uma terra em que Ele não era tão bem recebido, a Samaria.

Esse texto, esse rico e profundo texto, revela a qualidade e a profundidade da oração que somos chamados a “ter” com o Senhor. Ele se coloca como necessitado diante de nós como se colocou diante daquela mulher, para despertar em nosso coração a necessidade que temos de estar diante dele, de “beber” da sua presença, de saciar-nos do seu amor.

Encontramos hoje diversos materiais, livros, textos, pregações, cursos, que definem, nos falam, explicam... sobre a vida de oração, mas nada tão real e concreto do que vivenciar esse encontro tão pessoal que se passa entre Deus e eu.

Não existe “hora” para fazer oração, existe sim, vida de oração. A oração não se trata de um mero compromisso marcado, como fazemos com uma reunião, uma consulta médica... Seria terrivelmente empobrecedor nos relacionarmos com Deus assim; a oração é algo muito mais abrangente, é um encontro entre um eu e um tu, é Presença de Deus em mim, e isso não se resume a uma ou duas horas, mas se estende por todo o meu dia, por toda a minha vida. Claro, necessitamos parar, silenciarmos diante de Deus, dialogarmos com Ele em algum momento durante o dia, mas isso só enriquece a minha experiência oracional, não é o fim, não a define, é mais um meio de cultivar essa presença que eu trago e amo “com todo o meu coração, alma e espírito”. Se não nos conscientizarmos dessa presença em nós, passaremos a vida inteira a ler, estudar e não aprenderemos a rezar, a ter oração. Ficaremos sempre no fazer, e amizade não se faz, se vive.

Por exemplo: por mais que eu queira esquematizar o que partilharei ao meu amigo na próxima conversa que teremos, sei que tudo na hora terá o seu livre curso, porque não há nada mais livre, espontâneo, gostoso e verdadeiro do que o diálogo entre amigos, assim percebo que é com Deus, por mais que se fale, pense, estude sobre oração, faz-se necessário rezar, experimentar, dialogar, silenciar, perscrutar...

Deus tem sede de mim e essa certeza me impulsiona a Ele, mesmo se na minha inconstância os meus sentimentos me traem, desaparecem. A amizade com Deus é uma convicção de fé que vai além de qualquer outro sentimento.

Por vezes pensamos que devemos ser muito santos e virtuosos para ser tido com amigo de Deus. Pura ilusão e pretensão! A amizade é uma escolha e Deus me escolheu e eu o escolhi, sustentada é claro, pela escolha primeira dele. Essa escolha escapa de todos os roteiros, definições e modelos, porque a cada dia Deus nos trata de forma pessoal e não podemos perder a riqueza de desbravar o caminho espiritual que Ele traçou para nós. A forma única que Deus se relaciona comigo enriquecerá o mundo, a Igreja, assim como Ele se relacionou com a samaritana, o jovem rico e os grandes mestres espirituais.

A oração não é coisa para monge, eremita, consagrado, místico. A oração é um dom para cada homem que se descobre amado, filho de Deus. É impossível não querer estar perto de quem nos sentimos amados. Todas as experiências de oração alheias são válidas para me ajudar a traçar o meu itinerário espiritual. Não esperemos tempo, ocasião, lugar, para começarmos a orar, pois como Ele disse a samaritana “a hora já chegou, e os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e em verdade”. Essa palavra é de um poder encorajador, não importa onde e como, sou capaz de Deus, na minha vida normal e ordinária sou capaz de Deus, de estar e viver com Deus, de falar-lhe, de escutar-lhe. Que alegria! Me maravilho quando imagino que bem longe, na mais distante terra e cultura, existe um homem que é capaz de Deus, de ser amigo de Deus, de se relacionar com Ele. “É um saber maravilhoso e me ultrapassa, é alto demais: não posso atingi-lo!”.

Vamos ao poço que é o próprio Cristo e deixemos que todo o nosso corpo, alma e espírito, história de vida, verdade, se renda diante do seu imperscrutável mistério. Deixemos que das nossas “profundezas” suba o nosso clamor.

Uma vida saudável é fruto de uma espiritualidade sadia. Por isso, quanto mais amigo de Deus, mais somos amigos dos homens e sensível as suas dores e também as nossas. Longe de nos centralizarmos nele, nos envia ao encontro do outro. Uma vida de oração que não tem doação está longe de ser verdadeira, ao contrário, é estéril. O homem orante se oferta, tem como desejo a doação e não apenas faz “gestos” de doação.

Quanto mais nos envolvemos com o outro, mais pertencemos a Deus. Rezar é dialogar! A oração é uma escola de amor. É um dom, “se tu soubesses o dom de Deus...”. É impossível imaginarmos a altura, a profundidade desse amor. Quanto mais orante, mais feliz, mais humano. Encarnamos com convicção os valores e os ideais de Cristo. A oração é amizade, como define Santa Teresa d`Ávila. E amizade é uma relação pessoal com quem amamos. Por vezes, pensa-se de forma errônea que oração é solidão consigo mesmo, puro egoísmo! Oração é solidão com o Outro. Eu me recolho com alguém, Deus que está dentro de mim. Orar é “entrar”, é viver! (Frei Maximiliano Herraiz).

Deixemos Deus ser o protagonista da nossa vida de oração, para que na sua presença possamos nos surpreender, nos enamorarmos com seus “regalos”.

Fonte: Comunidade Shalom

domingo, 25 de outubro de 2009

Mas, o que vem a ser a oração de Intercessão?



A oração de intercessão não é somente uma luta amorosa para arrancar do pecado aqueles que estão presos nas trevas, mas é também uma súplica a Deus para que o Reino do Céu prospere. O Catecismo da Igreja Católica confirma isso:

“A intercessão é uma oração de pedido que nos conforma de perto com a oração de Jesus. Ele é o único Intercessor junto do Pai em favor de todos os homens, dos pecadores, sobretudo. “Ele é capaz de salvar de modo definitivo aque¬les que por meio dele se aproximam de Deus, visto que Ele vive para sempre para interceder por eles” (Hb 7,25). O pró¬prio Espírito Santo "intercede por nós... pois é segundo Deus que ele intercede pelos santos" (Rm 8,26-27)” (CIC 2634)

A Intercessão é uma oração que nos faz conformes a Jesus. A Intercessão é uma oração que parte de um coração ligado a Jesus e que pede, segundo os planos de Deus, salvar o homem todo e todos os homens. O Catecismo da Igreja Católica ilustra muito bem que a oração é uma batalha espiritual na qual todo cristão está envolvido:


“A oração é um dom da graça e uma resposta decidida de nossa parte. Supõe sempre um esforço. Os grandes orantes da Antiga Aliança antes de Cristo, como também a Mãe de Deus e os santos com Ele, nos ensinam: a oração é um combate. Contra quem? Con¬tra nós mesmos e contra os embustes do Tentador, que tudo faz para desviar o homem da oração, da união com seu Deus. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza. Se não quisermos habitualmente agir segundo o Espírito de Cristo, também não poderemos habitualmente rezar em seu Nome. O "combate espiritual" da vida nova do cristão é inseparável do combate da oração.
(CIC 2725)


O Catecismo assim nos ensina que estamos em um combate misterioso, que estamos lutando contra nossa natureza carnal e contra as trapaças de Satanás, ambos que procuram nos afastar da comunhão com nosso Deus.

São Paulo já dizia nossa luta não e “contra homens de carne e sangue, mas contra os principados e potestades, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares” (Ef 6, 12)

Deste modo, precisamos estar cientes que nossa luta é, antes de qualquer coisa, espiritual. Nossa batalha não se dá somente para arrancar do reino das trevas o máximo de almas que já se encontram dominadas pelo mal, mas para impedir que as trevas invadam os filhos de Deus. E essa batalha só será vencida se batalharmos por meio da Oração, da comunhão Eucarística, do jejuar, da meditação da Palavra de Deus onde nos será revelada a Sua vontade.


Trechos do Livro: Procura-se um Intercessor(RCC)

domingo, 18 de outubro de 2009

Interceder com Jesus e o zelo pelas almas



Gostaríamos de começar celebrando a nossa graça do Batismo. Sabemos que pelo Batismo nos tornamos novas criaturas, porque nos tornamos filhos de Deus, assumimos uma nova identidade, a identidade dos filhos de Deus. No Batismo além de termos apagado nosso pecado original temos justificados em nome de Jesus e por Jesus todos os nossos pecados é a graça santificante, a graça de justificação do batismo.

É exatamente por causa da graça que, como Jesus Cristo ,nós somos incorporados a Cristo que é a cabeça da Igreja. E somos também configurados a Cristo quer dizer, tomamos a imagem do próprio Filho de Deus. E é exatamente isso: porque somos configurados a Cristo podemos interceder com Jesus e podemos partilhar com Jesus do zelo pelas almas.

Veja bem o maior desejo de quem ama é certamente ser um com quem se ama. E com o pecado original houve uma ruptura terrível entre o homem e Deus. Você sabe muito bem que foi também em Jesus Cristo e só por Jesus Cristo que essa ruptura foi anulada porque por Jesus em Jesus e com Jesus o Pai incorporou a si próprio a humanidade que crê, incorporou a si próprio o mistério da reconciliação entre Deus e os homens. Por isso, a oração final de Jesus (Jo17) aquela oração tão linda onde Jesus diz: "Pai, que todos sejam um que eles estejam em ti como eu estou em ti, que através de mim eles estejam em ti, que comigo eles estejam em ti e que todos sejam um". Porque? Exatamente o maior desejo do Pai que nos ama é nos fazer um com Ele no seu filho Jesus Cristo pelo poder do Espírito Santo.

Quando a gente entende que o maior desejo de Deus é nos fazer um com Ele através de Jesus e pelo poder do Espírito, a gente já de partida entende várias coisas sobre o ministério da Intercessão.

Primeiro o intercessor deve ser uma pessoa profundamente ligada a Jesus, profundamente consciente da sua incorporação a Jesus Cristo pelo Batismo. Eu intercedo eu posso interceder porque eu estou incorporando a Cristo e a Igreja, porque em mim se realiza o sacerdócio de Cristo, eu posso interceder porque também eu estou incorporado a Igreja. E a finalidade última da minha intercessão deve ser sempre aquele maior desejo de Deus, e zelo enorme pelas almas para que elas sejam um com Deus.

É interessante na nossa intercessão, muitas vezes morrermos de pena de alguém doente, de alguém que está sofrendo porque o marido deixou a casa, de alguém que está nas falsas doutrinas, de alguém que tem um filho doente; mas precisamos pedir a Deus a graça de sermos mais profundos, porque a grande dor do coração de Deus não é por alguém que está doente, que tem um filho doente, ou cujo o marido saiu de casa isso também dói no coração de Deus, mas a maior das dores do coração de Deus é seu filho separado dele, é aquele que não crê, e aquele que nem conhece Jesus, é aquele que nunca foi evangelizado, é aquele que rejeita Jesus, são os que vivem na impiedade, no pecado, os que vivem na indiferença a Deus.

Como intercessores configurados a Cristo, como intercessores incorporados a Cristo que formamos a Igreja a nossa maior dor deve ser esta mesma dor do coração do Pai, esta mesma dor do coração de Jesus a dor de não ter ainda todos os seus filhos reunidos perto de si. Isso vai trazer para o intercessor um autêntico zelo pelas almas,um desejo de levar todo homem pra Deus,um desejo de sacrificar a própria vida para levar todos os homens para Deus. É isso que significa no fundo, no fundo, interceder com Jesus. É assumir a vida de Jesus de tal maneira que, como Jesus, o nosso maior desejo seja levar almas para Deus, seja conquistar filhos de Deus, seja expandir o Evangelho no mundo inteiro. É preciso que nós coloquemos os nossos olhos no céu e saibamos que somos chamados a uma vida eterna,como diz S.Paulo em Col 3: "É preciso buscar as coisas do alto porque somos criados para as coisas do alto".

O intercessor deve interceder pelas pequenas coisas, pelas necessidades do povo, pelas necessidades de fulano ou de sicrano, mas a maior intercessão que um ministro intercessor pode ter é a intercessão de incorporar a sua vida à vida de Cristo ,de ser configurado a Cristo, de viver de tal forma que Cristo viva nele, viver de tal forma que ele possa dizer: "não sou eu quem vive,mas é Cristo que vive em mim". E se Cristo vive em mim, eu em Cristo sou um intercessor eficaz. E a minha intercessão, o meu maior desejo é que todos os homens conheçam Jesus Cristo, todos os homens procurem o Pai, todos os homens sejam de Deus, conheçam a Deus.

No meu coração nasce um zelo especial pelas almas, no meu coração brota, pelo poder do Espírito Santo, um desejo de sacrificar a minha vida ,um desejo de sacrificar cada instante da minha vida para que Jesus seja louvado, para que mais almas conheçam a Deus. O sofrimento de Deus. O Sofrimento de Deus por não ter em si, unido a si, cada um de seus filhos passa a ser também o meu sofrimento de intercessor por não ter unidos a Deus cada um dos meus irmãos.

Então aprofundando essa configuração a Jesus Cristo podemos pegar a 1º epístola de S.Paulo cap.2,9, esse versículo explica como e porque somos configurados a Cristo, como nos tornamos figuras de Cristo, como o Espírito Santo vai moldando em nós a própria face de Jesus, mas muito mais do que isso a própria entrega de vida obediente e sacrificial de Jesus na sua cruz. Vers. 9 “ Vós porém, sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa,um povo adquirido para, Deus a fim de que publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou a sua luz maravilhosa”.

Fonte:Com. Shalom

É possível evangelizar sem a oração?



A cada dia que passa me pergunto com uma certa angústia de quem esta chegando à belíssima idade de 60 anos, dos quais dediquei mais de 40 ao serviço de Deus, da Igreja no Carmelo, se é possível evangelizar sem a oração? Um questionamento que bate forte à nossa porta e nos obriga a parar para podermos compreender o que se entende por evangelização. Me parece que às vezes se tem a impressão que dentro da Igreja há pessoas que confundem a evangelização com ação social: fazer dar de comer, ajudar os pobres, servir aos mais necessitados, mas deixando de lado o anúncio corajoso da pessoa de Jesus.

O cristão é evangelizador em tudo o que ele faz e o seu coração, como o de Paulo, queima forte pelo Reino de Jesus. Evangelizar não é um trabalho qualquer nem uma atividade que se escolhe para ter o que comer ou ter uma vida mais tranqüila e folgada. É uma exigência interior: “ai de mim se eu não evangelizar”. Havia momentos que Paulo não sentia nenhuma vontade de anunciar o nome de Jesus porque sabia que isto lhe acarretaria muitos sofrimentos e dores. Era preferível calar-se, mudar de rumo e fazer outras coisas. Mas não lhe era possível, havia nele algo de mais forte do que a sua vontade humana. Assim a leitura atenta dos profetas nos faz encontrar que muitos profetas, diante da escolha de Deus se detém profundamente para poder fugir da responsabilidade e não consegue. Basta se lembrar de Moisés, ele discute com Deus, tenta indicar para Deus pessoas mais capazes, mas Deus se torna quase “cruel” com o mesmo Moisés e o coloca com as costas na parede “vai”, e Moisés se vê obrigado a ir lá onde Deus quer que ele vá.

Assim sentimos profundamente a fragilidade e o medo de Jonas que é enviado a Nínive para anunciar a libertação e Jonas, medroso, toma o caminho para Tarsis para se esconder do envio de Deus. E Deus, com mão firme, o faz voltar ao rumo certo. E como esquecer a relutância de Jeremias, de Isaías? E como não lembrar Amós que estava sereno e tranqüilo cuidando do seu rebanho e das suas plantações de sicômoros e Deus o envia para anunciar paz e justiça e diante da constatação do rei o mesmo Amós dirá: “eu não sou nem profeta e nem visionário, Deus me enviou”? Como não lembrar a mesma resistência dos apóstolos em deixar tudo e seguir Jesus para tornarem-se pescadores de homens?

Poderíamos passar atentamente na galeria dos santos e das santas e sempre nos encontraríamos com resistências para o anúncio do Evangelho. O medo do fracasso, da incompreensão e da cruz. Mas diante de tudo isto nos deparamos com homens corajosos, com mártires capazes de entregar a própria vida sem reservas para o anúncio do Reino, e derramar o próprio sangue. Por que tudo isto? Onde eles encontravam a força para não desanimar e não fugir da responsabilidade?
Oração.

A força dos profetas, dos mártires, dos apóstolos é uma só: a oração. É no diálogo íntimo, pessoal com Deus que brota uma força que nada e ninguém pode parar. Não podemos anunciar uma pessoa desinteressadamente se não somos apaixonados por esta pessoa. O apóstolo o evangelizador é alguém que, tendo encontrado Jesus, como Paulo na via de Damasco, no deserto ou no silêncio, foi seduzido e vencido por um ideal. Quantas vezes me parece ouvir no fundo do coração e no mais íntimo do ser as mesmas palavras que Paulo ouviu no caminho de Damasco: Saulo, Saulo por que me persegues? E Saulo, tomado por medo mas também fascinado pela luz e pelo amor, responde: “quem és tu, Senhor?” E a voz confirma: “sou aquele Jesus que tu persegues”...

Hoje nós somos perseguidores de Jesus quando não assumimos a missão evangelizadora, ou quando por medo, preferimos um evangelho “dietético”, que se acomode a todas as correntes do pensamento humano. Eu tenho medo que às vezes anuncie um Cristo revestido e apresentado com tantas facetas, para se entender um Cristo que tem um não sei quê de budismo, de marxista, de muçulmano, de espírita, de protestante...um Cristo tão ecumênico que não é mais o Cristo do evangelho do anúncio corajoso que não tem medo. Ser ecumênico não quer dizer adaptar o Cristo a todos os movimentos, mas sim ser fiéis ao Cristo até à morte. Me parece que hoje nos falta a coragem de sermos mártires, o desejo de sermos mártires, e só assim poderemos falar de Jesus com convicção e amor.

Ninguém pode fugir desta missão de proclamar. Por isso que a oração é a fonte de onde brota a evangelização. O Papa João Paulo II o tem recordado quando nos fala que toda pastoral deve ser pastoral da oração.

Para esta pedagogia da santidade, há necessidade dum cristianismo que se destaque principalmente pela arte da oração. O ano jubilar foi um ano de oração, pessoal e comunitária, mais intensa. Mas a oração, como bem sabemos, não se pode dar por suposta; é necessário aprender a rezar, voltando sempre de novo a conhecer esta arte dos próprios lábios do divino Mestre, como os primeiros discípulos: « Senhor, ensina-nos a orar » (Lc 11,1). Na oração, desenrola-se aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos: « Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós » (Jo 15,4).

Esta reciprocidade constitui precisamente a substância, a alma da vida cristã, e é condição de toda a vida pastoral autêntica. Obra do Espírito Santo em nós, a oração abre-nos, por Cristo e em Cristo, à contemplação do rosto do Pai. Aprender esta lógica trinitária da oração cristã, vivendo-a plenamente sobretudo na liturgia, meta e fonte da vida eclesial, mas também na experiência pessoal, é o segredo dum cristianismo verdadeiramente vital, sem motivos para temer o futuro porque volta continuamente às fontes e aí se regenera.(NMI 32)

Quem não reza não vai sentir o entusiasmo, a paixão, o amor transbordante por Jesus. E o anúncio que não toca o coração se esvai. São João da Cruz, com seu tom duro mas certeiro, me faz medo e me coloca em crise: “muito bem fariam os pregadores do evangelho.

“Minha alma se há votado,
com meu cabedal todo, a seu serviço;
já não guardo mais gado,
nem mais tenho outro ofício,
que só amar é já meu exercício.
Considerem aqui os que são muito ativos, e pensam abarcar o mundo com suas pregações e obras exteriores: bem maior proveito fariam à Igreja, e maior satisfação dariam a Deus – além do bom exemplo que proporcionariam de si mesmos, - se gastassem ao menos a metade do tempo empregado nessas boas obras, em permanecer com Deus na oração, embora não houvessem atingido grau tão elevado como esta alma de que falamos...” (Cântico 28, 3)

Quem sabe se eu mesmo deva rever o meu apostolado e me colocar na escuta de Jesus como Maria em Betânia e, escutando Jesus, possa falar dele com mais amor. É o caminho da oração que nos dá a alegria de anunciar; não porque o anúncio é acolhido mas porque uma força maior do que nós nos manda anunciar.

por Frei Raniero Cantalamessa, Pregador do Vaticano

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A arte da oração



Rezar é um ato natural, um capítulo da antropologia, exatamente porque o ser humano tem uma abertura congênita para o transcendente, o divino. Rezar é também um ato de justiça para com nossa alma, pois a oração é expressão do espírito, da alma, do coração. É também um ato de justiça em relação a Deus. “Nele somos, vivemos e existimos” (Atos dos Apóstolos 17, 28).

A oração é antes de tudo terapêutica porque pacifica, unifica, ordena a vida, os pensamentos e os afetos. “Os efeitos da oração em nossa pessoa são mais visíveis que os das glândulas de secreção interna”, diz o prêmio Nobel de Medicina (1922), Dr. Alexis Carrel, ateu convertido.

A arte da oração consiste em que o orante se comunica com Deus, com os outros e com ele mesmo e assim faz grandes descobertas, encontra soluções, recebe iluminações e muita força interior. K Jung e V. Frankl são psicólogos que exaltam a importância e a eficácia da oração, sem a qual, as pessoas não se curam de suas neuroses. Eles sabem muito bem que a pessoa orante entra no nível alfa, frequência profunda do cérebro humano.

Quem não reza está numa situação muito desconfortável e até incômoda, porque irá buscar alívio e sedativo no álcool, nas farras, nas drogas e sempre permanecerá vítima do vazio existencial e da solidão. Sempre justificará seus erros e fugas, tendo necessidade espontânea de ridicularizar quem reza, como se a oração fosse o “catecismo dos fracos e perdedores”. De fato, só os humildes e autênticos rezam.

É preciso orar com fé. Acreditar no poder da oração. Rezar é estar com Deus e com os outros. Normalmente a oração verdadeira e profunda leva à compaixão, ao perdão, à solidariedade. O amor é fruto da oração. Rezar é um ato de amor e o amor é consequência da oração. Os santos e os místicos são sempre pessoas de paz, de fraternidade e de ação em favor dos pobres e pecadores. A oração é amor de amizade com Deus que nos leva ao amor-serviço para com os outros.

A oração é uma “alavanca que move o mundo” (Santa Terezinha). De fato, quantas pessoas são vitoriosas frente a doenças, mágoas, decepções, injúrias. A oração as salvou. Quem reza se salva.

A oração é uma ponte. A pessoa orante é fabricadora de pontes, é pontífice. Abatem-se os muros e constroem-se pontes com a sabedoria da prece. Essa ponte vai da terra ao céu e do coração do orante aos irmãos. A escalada da oração é exigente, requer perseverança. É um combate.

A oração é muralha, é escudo, é proteção, é abrigo, é segurança. Quem reza está imunizado contra muitos males. A oração nos protege das tentações. Sem ela caímos na murmuração e abraçamos a tentação.

A oração é escola . O Mestre interior é o Espírito Santo. Na escola da oração aprendemos a prática do bem, a beleza do perdão, a alegria da convivência, a esperança nas decepções. A oração nos faz discípulos, iluminados, sábios, humanos e verdadeiros. Moisés tinha o rosto iluminado após a oração. Irradiava o fulgor de Deus.

A oração enche o orante de audácia e coragem, de força e tenacidade, de luz e compaixão. Jesus não somente reza, mas, ensina a rezar, principalmente a perseverança na oração. Os primeiros cristãos eram “assíduos na oração” (cf. Atos dos Apóstolos 2, 42). De fato, a oração é inspiração de cada momento, recolhimento do coração, recordação das maravilhas de Deus, é força para a luta cotidiana. Eis a arte da oração.

A oração é uma rendição diante de nossa insuficiência e da paternidade de Deus. A oração é a fala entre filhos(as) e Pai. Portanto, oração é questão de amizade, é encontro de duas consciências, duas intimidades, duas existências. Na oração acontece uma troca de olhares, de confidências, de interioridades. Rezar é um ato de amor, um ato afetivo que inflama o orante de amor a Deus e ao próximo.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina - PR

domingo, 13 de setembro de 2009

Carismas no Ministério de Cura


"A grande graça que Deus concedeu à sua Igreja neste fim do segundo milênio foi a abundância do dom do Espírito Santo. A atualidade da presença operante do Espírito santo se manifesta no vigor exuberante da Renovação Carismática...É realmente uma autêntica renovação pessoal e social. O Novo Catecismo da Igreja Católica recorda várias vezes a redescoberta dos carismas e a renovação do Pentecostes na Igreja de hoje:‘ O Espírito Santo é o Princípio de toda ação vital verdadeiramente salutar em cada uma das diversas partes do Corpo. Ele opera de múltiplas maneiras a edificação do Corpo inteiro na caridade: pela Palavra de Deus(...) pelas virtudes que fazem agir segundo o bem, enfim pelas múltiplas graças especiais (chamadas carismas), através das quais torna os fiéis aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios, que contribuem para a renovação e maior incremento da Igreja’ (Novo Catecismo, parágrafo 798).

‘ Eles são uma maravilhosa riqueza da graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo...(NC, parágrafo 800).
"Os carismas, além de serem dons que o Espírito Santo nos concede para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do Corpo de Cristo, a Igreja, manifestam também a força da graça do Cristo ressuscitado " (NC, parágrafo 2003 e 1508).

Os carismas são diversos. São Paulo faz uma lista de vários. Porém, não significa dizer que todos os carismas possíveis já teriam sido enumerados no Novo Testamento e que o Espírito Santo deveria limitar-se hoje a distribuir os dons que já teriam sido concedidos nos tempos apostólicos. Ora, o Espírito que é a vida da igreja, cada dia, procede do Pai e do /filho para dar novos dons que permitam fazer face, em cada época, às novas necessidades da Igreja, com a liberdade soberana da qual ela dispõe." (D. João Evangelista Martins Terra, SJ - " Os Carismas em São Paulo" - Ed. Loyola - pg 12).

O ministro de cura, necessita dos carismas para exercer sua missão. Eles são como que as ferramentas através das quais, Deus realiza sua obra salvífica no meio do seu povo. Os carismas manifestam a presença de Jesus ressuscitado entre nós, salvando, curando e libertando os homens (Lc 4,18 ss).

" O carisma, é portanto, uma ação manifesta da pessoa do Espírito Santo. É uma operação do Espírito...Não é uma coisa, que quando dada, torna-se ‘propriedade privada’ de quem o recebe, e da qual ele pode fazer uso como queira, quando queira, sem mais qualquer vínculo ou relação com o Doador. A manifestação da presença e da força do carisma depende, sempre, da manifestação imediata do próprio Espírito", que age como quer e quando quer.(Pe. Alírio Pedrini SCJ - "Carismas para o nosso tempo".

Sabemos, porem, que Deus quer se manifestar ao seu povo, pois é Ele que procura o homem para salva-lo. O próprio Jesus nos diz no evangelho que o Pai dará o Espírito Santo aos que lho pedirem.

É necessário e essencial pedir ao Senhor a força e o poder do Espírito Santo para exercermos o nosso ministério na Igreja, seja ele qual for. Deus quer dar seus dons aos seus filhos, mas precisamos pedir incessantemente, como nos ordenou Jesus: "pedí e dar-se-vos-á".

"Seja feito segundo a tua fé", nos disse Jesus. Por isso, é fundamental cultivarmos essa postura de fé incondicional, na certeza e confiança de que Deus responde aos que lhe invocam e realiza neles e através deles os seus desígnios de amor." Os carismas não são um sinal de santidade daquele que os recebeu. Seria um erro formar uma convicção de que aquele que é portador de carisma é santo e tenha recebido os carismas por recompensa por sua santidade pessoal. Outro erro é imaginar que só pessoas mais adiantadas na vida espiritual possam receber ou recebem de fato os carismas. Sendo capacitações sobrenaturais para o serviço apostólico, o Espírito dá-los , efetivamente, também a fiéis que , embora imperfeitos, carregando a cruz da fraqueza, da miséria humana, de defeitos e pecados, se dispõem a servir com boa vontade aos irmãos, na comunidade.

Por isso, é fundamental, termos em mente, o que nos diz S. Paulo, sobre a excelência da caridade, em função da qual todos os outros carismas ganham sentido e, sem ela, poderíamos dizer, são vazios e se acabarão. Assim, quanto mais abrirmos o nosso coração à caridade fraterna e buscarmos concretiza-la no serviço ao outro, tanto mais o Espírito Santo nos usará com os seus dons para a construção do Reino.

É muito importante que os ministros de cura tenham um conhecimento básico sobre os carismas e o exercício dos mesmos no seu ministério, pois o conhecimento abre fronteiras e, com certeza, nos tornará mais dóceis à ação do Espírito Santo. Para isso, sugerimos a leitura e o estudo de livros que tratem mais especificamente deste assunto, como os citados na bibliografia desta apostila.

Enfim, transcrevemos as palavras do santo padre o Papa Paulo VI, que nos anima a buscarmos a "força" e o "poder do alto" para o nosso apostolado:
"A Igreja tem necessidade de um perene Pentecostes; necessita do fogo no coração, da palavra nos lábios, de profecia no olhar. A Igreja necessita ser templo do Espírito Santo, isto é, de total limpeza e de vida interior; necessita voltar a sentir dentro de si, em nosso mundo vazio, de homens modernos, totalmente extrovertidos pelo encantamento de vida exterior, sedutora, fascinante, que corrompe com lisonjas de falsa felicidade, necessita voltar a sentir, repetimos, como que elevar-se do profundo de sua personalidade íntima um pranto, uma poesia, uma prece, um hino, isto é, a voz orante do Espírito que, como ensina S. Paulo, ocupa o nosso lugar e ora em nós e por nós com ‘gemidos inenarráveis’ e interpreta as palavras que nós sozinhos não saberíamos dirigir a Deus.

Homens de hoje, jovens, almas consagradas, irmãos no sacerdócio! Vós nos escutais!? A Igreja tem necessidade disto. Tem necessidade do Espírito Santo. Do Espírito Santo em nós, em cada um de nós, em todos nós juntos, em nós Igreja. (RCC - "Carismas" - Ed. Santuário - pg.87).

sábado, 5 de setembro de 2009

Maturidade na oração


Quem somos nós para achar que a nossa oração vai ser uma coisa fácil?

Como deve ser a nossa oração? Vamos examinar a nossa forma de orar para que a nossa oração seja eficaz e para que o poder de Deus se manifeste em nossas vidas. Orar com poder não quer dizer que eu seja poderoso, orar com poder é rezar de uma forma tal que deixemos de atrapalhar Deus em fazer a Sua vontade em nossas vidas. Os discípulos de Jesus se aproximam do Senhor da mesma forma que nos aproximamos d'Ele hoje: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lucas 11, 1). Esse pedido nasceu da admiração deles ao verem o Mestre orando.

Jesus se fez homem para nos ensinar o que é ser humano. Não sabemos ser gente, ser humanos. Quando olhamos para o ser humano vemos uma tarefa, uma missão: realizar os sonhos de Deus em nossas vidas. É importante nos darmos conta de que fomos escolhidos por Deus, de que não viemos a este mundo por acaso e agora temos que dar conta da vida. Existe um sonho de Pai, um projeto de Deus para você. A nossa primeira atitude deve ser a de nos esforçarmos para nos adequar a esse projeto do Senhor.

Deus nos criou com uma missão, um projeto, e se fez homem para mostrar o que é ser homem, mas o projeto do Altíssimo em nós está deturpado por causa do pecado original.

Jesus vem se mostrar como ser humano completo. Como ser humano completo, pessoa divina, Ele reza. Só o Evangelho de Lucas nos mostra nove momentos nos quais Cristo estava orando. Sua oração devia ser fascinante, os discípulos se deram conta de que não sabiam como fazer e pediram a Ele que os ensinasse a orar.

Jesus ensina o Pai-Nosso, em duas passagens, mas em Lucas 11, 2, a oração está em uma forma mais abreviada: “Quando orardes dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino”. Aqui já acontece uma revolução, algo extraordinário: o Senhor nos ensina a orar ao Pai para realizarmos o Seu Reino, o reinado de Deus em nossa vida.

No início é um esforço humano, mas Deus nos visita e nos concede o dom, a graça de orar. Não somos nós, mas é Cristo que ora em nós pelo Seu Espírito. Para que isso aconteça é preciso a pregação a respeito do "kerigma", o primeiro anúncio do amor de Deus, da necessidade de renunciar ao pecado e buscar a conversão.

No Evangelho de Marcos, no Horto das Oliveiras, o Mestre também ora. “Não Seja feita a minha, mas a Tua vontade”. Essa é a característica da oração cristã: pedir que seja feita a vontade do Senhor. A oração pagã é diferente, as pessoas perguntam qual é a vontade delas e não a vontade de Deus Pai. Deus é o oleiro, que modela o barro, temos que parar de nos comportar como se fôssemos criadores. Jesus veio ao mundo para nos ensinar a fazer a vontade de Deus.

Um exemplo de oração pagã moderna é a oração baseada na lei da atração. Se desejamos as coisas boas elas acontecem, mas se desejamos coisas ruins, elas também acontecem. Isso é materialismo e paganismo disfarçados, são enganosos tais preceitos. Tantas pessoas morrendo de fome na África, será que essas pessoas não desejam comida?

Está faltando maturidade para compreender o que é a vida humana. Não podemos ser infantis e achar que a nossa vontade é o melhor para nós. Enquanto os pagãos são como os profetas de baal, que clamam por aquilo que desejam; o cristão expressa o desejo de fazer a vontade de Deus. Muitas vezes fazer a vontade de Deus é um verdadeiro parto, mas é a melhor coisa para nós. Se Jesus, nosso Mestre e Senhor, suou Sangue no Horto das Oliveiras, quem somos nós para achar que a nossa oração vai ser uma coisa fácil! Mesmo que a vontade do Altíssimo nos assuste, mesmo que vejamos uma cruz, sabemos que por trás dela, Deus tem uma ressureição para nós. Nós estamos prontos para fazer a vontade do Senhor. Não se trata de fazer a nossa vontade, mas de colocar nosso coração em sintonia com a vontade de Deus.


Padre Paulo Ricardo

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

PRECISAMOS NOS UNIR!



“Rezem uns pelos outros para serem curados. A oração do Justo feita com insistência, tem muita força”.(Tg 5,16)


Amados irmãos do APOSTOLADO DA BÊNÇÃO DO DISCIPULADO DE JESUS CRISTO, precisamos nos unir para fortalecer nossa fé e missão!

Convido para esta semana você ler o texto postado nessa página do Blog com o titulo “ O que é Ministério intercessão”, meditar com seu apostolado local e fazermos juntos, na Unidade do Espírito Santo, uma experiência de FÈ e CORAGEM: Orarmos juntos por nossa caminhada DISCIPULAR. Vamos formar um grande grupo de VERDADEIROS INTERCESSORES pelas famílias, jovens e todos os DCAs e vocacionados do DJC.

Cada um no seu Local, mas unidos a um só coração pois somos um só Discipulado!

Convido também a todos que acessarem o Blog da Intercessão deixar seu pedido de Oração para que possamos rezar por você e suas necessidades.É diante do Deus Altíssimo, qual fez Moisés,e que alcançou a vitória no poder de Deus contra os amalecitas ,que estenderemos nossas mãos em súplica ao Senhor e alcançaremos, pela poderosa Intercessão de Maria, muitas graças. Basta você pedir e confiar!

Agora é, mãos e corações a obra!

Graça e paz da parte de nosso Amadíssimo Deus!
Leila Lemos

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Ministério de Cura e Libertação




Quero apresentar aqui algo mais para aqueles que querem desenvolver o dom da cura e libertação.

Os dons do Espírito são distribuidos por Ele quando, onde e no momento que Ele quer.

Uma coisa é possuir o dom, outro coisa é exercer, ministrar.

Não depende de nós e sim de Deus.

Todos nós somos passiveis a sermos usados por Deus em seus dons e carismas.

Existem três doenças que nos atingem: doença do corpo, do coração e do espírito.

Satanás é como um cão que late,, avança, mas só atinge aqueles que se aproximam dele.

Antes de rezar por alguém, você deve:

1. Fazer o sinal da Cruz; o sinal da cruz é um sacramental de benção.

2. Antes até mesmo de conversar com a pessoa, fazer uma pequena oração pedindo a proteção de Deus.

3. Escutar; quando a pessoa fala, Deus cura. As pessoas tem necessidade de serem ouvidas.

4. Ouvir a pessoa. Se precisar, ajude com pequenas perguntas, mas nunca a force a falar.

5. Após ter conversado com a pessoa, reze por ela.

6. Pergunte a pessoa se ela ‘aceita Jesus Cristo como o seu Senhor’. Neste momento muitos travam e então de detecta a necessidade de libertação.

7. Imponha as mãos e peça o batismo no Espírito Santo sobre ela. Não se pode fazer acepção de pessoas.

Na oração, partilha, pregação; a gente não se vende, a gente se doa!

A cura só acontece pelo amor. A pessoa que ama é canal de cura para pessoa amada.

Conversão é necessária. Não adianta buscar a Deus para ser curado mas não mudar de vida.

Deus não cura partes, Ele cura o homem todo.

O ministro de cura impõe as mãos sobre a cabeça, por que reza pela pessoa toda e não somente pela parte enferma.

Não desvincule a pregação da oração de cura. É a Palavra de que Deus que cura, liberta, alimenta e perdoa.

A Palavra de Deus faz aquilo que o batismo faz: nos regenera, nos faz novos outra vez. Pela Palavra de Deus somos regenerados para uma vida nova.

A Cura e a libertação começam a partir da Palavra de Deus.

As pessoas que não rezam para que as outras sejam curadas é por que não acreditam.

Deus cura para que a pessoa seja santa e não por que ela é santa. Cura não é privilégio de santos, é um direito que nos foi dado.

Deus quer curar dentro dos limites de cada um. Cura é um processo que começa com a oração, mas precisa de sequencia, precisa de perseverança. Não é instantâneo, é preciso acompanhamento.

Quem quer investir na oração pela cura e libertação das pessoas, precisa:

1. Rezar para obter o dom;
Não é mérito e independe de ser bom ou não.

2. Precisa tornar-se disponível;

3. Desprender-se da própria imagem;
Não ficar se preocupando com o que os outros vão dizer ou pensar.

4. Remover os obstáculos;
Medo, desconfiança, pecado…

5. Pregar o evangelho;
A palavra de Deus é que cura.

Márcio Mendes

O que é Ministério de Intercessão

...




“O intercessor não é aquele que somente faz à Deus uma oração de pedidos. Não. Ele conhece o coração de Deus. E porque o ama e sabe que é amado por Ele, nesse amor, ele atinge o coração de Deus, através da intercessão que se torna um humilde diálogo de amor.”

Escrever sobre o ministério de intercessão é, para mim, uma grande alegria, dado que nutro um grande amor a este ministério, que acredito ser o sustentáculo das grandes obras que Deus realiza no meio do seu povo. Este ministério é como o alicerce de um grande edifício, que não é viso nem admirado, mas sem o qual o edifício não poderia erguer-se.

Eu creio que este artigo será de grande esclarecimento e importância para todos os que lideram comunidades e desempenham este ministério dentro do trabalho que o Senhor os chama a realizar.

Leia este artigo com o desejo de que o Espírito Santo venha revelar no seu coração as verdades mais profundas, porque muito mais do que aqui está escrito o Senhor tem a falar no seu coração.


O QUE É MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO

Quando, há algum tempo atrás, eu comecei a questionar o que era o ministério, eu pedi ao Senhor que me esclarecesse verdadeiramente o que é da sua vontade no que se refere a ministério na espiritualidade da Renovação Carismática. O Senhor me fez entender primeiramente que há uma diferença muito grande entre dom e ministério, coisa que muitas pessoas confundem bastante.

Possuir um ministério do Senhor não é a mesma coisa que receber um dom do Espírito Santo. Para que recebamos os dons do Espírito Santo, nós precisamos ser abertos às moções e inspirações que este Espírito suscita em nós. Para possuirmos um ministério do Senhor, é preciso que este nos seja dado por Jesus que deseja que nós desempenhamos uma missão especial em seu Nome.

Em I Cor 12,4-5 encontramos o seguinte texto: “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo”. Refletindo sobre este texto vamos entender que os dons são manifestações do Espírito para proveito da comunidade, naquele momento de necessidade, enquanto que o ministério é algo dado pelo Senhor Jesus, que envia os seus discípulos a desempenhar missões; missões estas que são bem específicas dentro do seu corpo, que é sua Igreja.

Quando estamos reunidos em nossas comunidades, grupos de oração, grupos de partilha, etc. no momento que oramos, precisamos e devemos estar abertos às moções do Espírito Santo que pode naquele momento estar desejando que profetizemos, ou que digamos uma palavra de ciência para a cura interior de alguém do grupo. Mas, tão somente porque alguém esteve aberto a estes dons, não implica dizer que ele tenha o ministério de profetizar, ou o ministério de cura interior.

Em Jer 1,5 vamos encontrar um trecho que nos esclarece muito mais a cerca da diferença entre o Dom e o ministério: “O Senhor disse a Jeremias: ‘Antes mesmo de te formar no ventre de tua mãe, eu te conheci, antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações’”. E é isso o ministério carismático. O Senhor desde toda eternidade já conhecia Jeremias, desde toda eternidade também já o havia consagrado ao ministério da profecia. Observemos que Jeremias era ungido e enviado pelo Senhor a ser profeta, não como um dom que iria se manifestar através dele numa hora de necessidade, mas como ministeriado. Era pelo serviço dele no ministério profético que iria ser reconhecido no meio do povo como homem de Deus. Porém, se formos ler a profecia de Jeremias na Bíblia, vamos encontrar este profeta, por várias vezes, usando os dons do Espírito Santo para bem desempenhar o seu ministério.

Um pequeno trecho que melhor ilustra este fato encontramos em I
Reis 19,19-21 e II Reis 2,15 quando o profeta Elias unge Eliseu para que ele exerça o ministério da profecia no seu lugar. No exercício do ministério profético, Eliseu utiliza os dons de milagres (II Reis 2,19) e cura (II Reis 5,1-15), mas o seu ministério é o de Profecia, que para melhor ser desempenhado precisa da graça do Espírito Santo através dos seus dons.

Assim sendo, o ministério de intercessão é um ministério que o Senhor dá a algumas pessoas a fim de que estas possam ser intercessoras pelas causas do Reino de Deus. As pessoas que exercem este ministério são escolhidas, eleitas, como foi o profeta Jeremias (Jr 1,5), antes que no seio materno fosse formado.

Este ministério de intercessão, como os outros ministérios do Senhor, está dentro do seu coração e o Senhor abençoa aqueles que ele são chamados com todas as bençãos necessárias para o seu bom desempenho.


QUEM É O INTERCESSOR

A palavra interceder significa “colocar-se entre”, ou seja, o intercessor e aquele que se coloca entre aquele que pode dar e aquele que deseja receber. No caso do ministério de intercessão, o intercessor é aquele que se encontra entre Deus Pai e a sua criação. Ele é como um advogado no Reino de Deus, um advogado de defesa, que defende as causas do Reino.

Na Bíblia, vamos encontrar muitos personagens com características de intercessores e exercendo fielmente este papel. Em Ex 34, 8-9 vamos encontrar Moisés intercedendo pelo povo de Israel: “Moisés inclinou-se incontinente até à terra e prostrou-se dizendo> ‘Se tenho o vosso favor, Senhor, dignai-vos marchar no meio de nós: somos um povo de cabeça dura, mas perdoai-nos as nossas iniquidades e nossos pecados e aceitai-nos como propriedade vossa’”. O povo de Israel havia cometido o grande pecado de adorar o bezerro de ouro, proclamando-o seu Deus. Sabendo disso, Moisés, como escolhido, chamado, eleito por Deus para dirigir seu povo, diz para o Senhor assim: “Senhor, se tenho vosso favor...”. Esta oração de Moisés não tem mais sentido para nós próprios, mas pedimos em nome de Jesus e a oração dos intercessores é assim: “Senhor, em nome de Jesus, que tem o teu favor, concede-me...”

Como Moisés, hoje em nosso grupos precisamos ser esses intercessores que se colocam aos pés de Deus a fim de interceder pelo povo pecador. Nossos grupos, nossas comunidades necessitam urgentemente dessas sentinelas que estejam a colocar-se entre Deus e a sua Igreja pecadora.

O intercessor não é aquele que somente faz a Deus uma oração de pedidos. Não. Ele conhece o coração de Deus. E porque o ama e sabe que é amado por Ele, nesse amor, ele atinge o coração de Deus, através da intercessão que se torna um humilde diálogo de amor.

O intercessor apropria-se das palavras da Escritura que trazem as promessas de salvação e restauração. Ele conhece o Senhor pela oração e pela Escritura e é aí que está o segredo dessa intimidade entre Deus e o intercessor; intimidade esta que faz com que todos os pedidos dos intercessores atinjam o coração de Deus, pois são feitos por meio de Cristo Jesus para glória de Deus Pai.


INTERCESSÃO, UM MINISTÉRIO DE CONSOLAÇÃO

No Evangelho de São João 12,1-12 vamos nos deparar com um jantar, na cidade de Betânia, na casa de Lázaro, Marta e Maria. Este trecho vem nos mostrar o episódio em que Maria tem um perfume de nardo puro e derrama aos pés de Jesus. Ora, Maria tinha o coração inflamado de amor por Jesus, e no seu amor insensato, eufórico, ela desejava consolar o coração de Jesus que já se encontrava triste por sua paixão que se aproximava.

Os convidados não foram capazes de entender a atitude de Maria e se limitaram a simplesmente criticar sua atitude, por causa do estrago que ela fazia em derramar aquele perfume, pois o mesmo poderia ser vendido e o dinheiro poderia ser aplicado em algo mais valioso do que os pobres pés cansados e calejados de Jesus. Mas para Maria não era assim. Ela amava Jesus e o amor fazia com que ela ficasse na expectativa das necessidades de Jesus e por isso, derramar o nardo puríssimo e preciosíssimo aos seus pés era o que de mais coerente ela poderia fazer, pois ela sabia que, com aquele gesto de amor, consolaria o coração do Senhor.

E isso é intercessão. Nesta fase da vida de Jesus, nada agradou tanto o coração do Pai como a atitude de Maria, pois ela se colocava entre o coração dolorido do Pai, por ter que cumprir seu plano de Salvação em Jesus, e o povo pecador que não merecia esta salvação. Maria através de sua intercessão, mostrou aos céus que a entrega de Jesus valeria a pena para a humanidade, pois tudo o que ela fazia era mostrar o seu amor a Jesus. E Deus retribui todo esse amor a Maria, pois a intercessores como ela o Pai nada lhes nega.

São esses intercessores, que estão muito mais preocupados com Jesus do que com os problemas, que verdadeiramente conhecem seu coração aflito e consola-o, e só lhe dirigem preces que entram em profundo acordo com a sua vontade.

Os verdadeiros intercessores precisam deixar os seus corações inflamarem-se por este amor que deixa-os totalmente dependentes de Jesus e na expectativa de seus desejos.

Em nossos grupos, comunidades, precisam urgentemente aparecer novas Marias de Betânia que fiquem aos pés de Jesus para lhes consolar o coração e se coloquem aos pés da cruz, ao lado de Maria Santíssima, vítimas de expiação juntos com Jesus sofredor, pelos pecados do mundo inteiro.

Foi isso que pessoas como Santa Margarida Maria Alacoque, Irmã Faustina, Santa Terezinha do Menino Jesus e muitos outros santos da Igreja entenderam e por isso foram grandes intercessores pelas causas do Reino.


O MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO NA BÍBLIA.

O livro do Gênesis nos mostra Abraão, que se coloca como intercessor entre Deus e os habitantes de uma cidade que deveria ser destruída por causa de seus pecados. Em Gn 18,16-33 lemos: “Os homens levantaram-se e partiram na direção de Sodoma, e Abraão os ia acompanhando. O Senhor disse então: Acaso poderei ocultar a Abraão o que vou fazer? (...) os homens partiram, pois, na direção de Sodoma, enquanto Abraão ficou em presença do Senhor. Abraão aproximou-se e disse: Fareis o justo perecer com o ímpio? Talvez haja cinqüenta justos na cidade: fá-los hei perecer? Não perdoareis a cidade, em atenção aos cinqüenta justos que nela podereis encontrar? Não, vós não podereis agir assim, matando o justo com o ímpio! Longe de vós tal pensamento! Não exerceria o Juiz de toda a terra a Justiça? O Senhor disse: Se eu encontrar em Sodoma cinqüenta justos, perdoarei a toda a cidade em atenção a eles. Abraão continuou: Não leveis a mal, se ainda ouso falar ao meu Senhor, embora eu seja pó e cinza. Se porventura faltar cinco aos cinqüenta justos (...) Abraão replicou: Que o Senhor não se irrite se falo ainda uma última vez: Que será se lá forem achados dez? E Deus respondeu: Não a destruirei por causa desses dez. E o Senhor retirou-se, depois de ter falado com Abraão, e este voltou para a sua casa. ”
Tomado a posição de intercessor do povo na qual Abraão se colocou, ressaltamos, com este texto, uma característica no relacionamento entre Abraão e Deus: Eles eram íntimos. Deus havia tomado a decisão de destruir Sodoma, por causa do seu pecado e Ele sentiu a necessidade de que Abraão soubesse disso. Ao saber disso Abraão conversa com Deus através da intercessão, coloca aquilo que ele sente, argumenta e deixa a decisão final para Deus.

É assim, como Abraão, que os intercessores de hoje devem agir. Primeiramente devem estar na escuta de Deus que a qualquer momento vai lhes falar, para lhes comunicar suas decisões.

Isso acontece num ato de profundo amor de Deus para o homem. Ele suscita ao homem a interpelar diante dele como imagem de seu Filho Jesus na cruz que se coloca entre o céu e a terra, entre Deus e a humanidade. E o intercessor carismático, ao argumentar, diante do Pai amoroso, por seu povo amado, deixa-se levar pela oração intercessora que toca o mais profundo do seu amor e assim Ele cede deixando-se levar por sua misericórdia, impulsionado pelo seu grande amor.

Outra características dos intercessores é buscar os interesses do Pai, a exemplo de Abraão que diz: “Não fará justiça o juiz de toda a terra?”. E se caminharmos através da Bíblia veremos em Gn 20,3-7 e Gn 20,17 como Abraão se colocou como intercessor e poderemos, espelhados nele, fazer crescer o nosso ministério. É no livro do êxodo onde vamos encontrar o verdadeiro ministério de intercessão na pessoa carismática de Moisés. Moisés é o amigo íntimo de Deus. Trazia em si a fundamental característica do intercessor, que é esta intimidade. Ele encarna em si todas as característica que são natas, essenciais e vitais ao intercessor. Moisés é conhecido por argumentar diante de Deus em favor de seu povo, porque amava a Deus e conhecia o seu amor. Moisés acalmava o coração ferido de Deus e por isso confortava-lhe. Em Ex 32,33 e 34 é que vamos encontrar o ponto alto onde todas as características que mencionamos acima vão se evidenciar.

Como fez com Abraão, o Senhor confidencia a Moisés, pois esta é a sua maneira de conversar com os intercessores.

Quando Deus compartilha as dores de seu coração com seu escolhido (o intercessor), o que este pode fazer é transbordar o seu amor pelo Pai e, através da adoração, consolá-lo. Esta é a plenitude do relacionamento carismático do intercessor com Deus. E é neste relacionamento que o intercessor vai aplacar o coração ferido de Deus.

Em Ex 32,1-14 vamos presenciar o episódio onde Moisés, no Monte Sinai, se encontra com Deus. Devido a insegurança do deserto e a sua própria fraqueza carnal, o povo já não vê Moisés, nem a imagem de Deus que ele transmitia para aquele povo tão frágil. Por causa disso, o povo constrói um bezerro de ouro, o proclama Deus e o adora. O coração de Deus ficou em profunda ferida. O seu povo amado estava em adultério e o havia abandonado. E é neste momento que o Senhor fala com Moisés, que nada sabia do que estava acontecendo, e diz: “Vai, desce, porque o teu povo, que fizeste sair da terra do Egito, perverteu-se. Depressa se desviou do caminho que eu lhes havia ordenado... Tenho visto a este povo: é um povo de dura cerviz.

Agora, pois, deixa-me para que se acenda contra eles a minha ira e eu os consuma e farei de ti uma grande nação. Moisés, porém, suplicou a Iahweh seu Deus e disse: Por que, ó Iahweh, se acende a tua ira contra teu povo, que fizeste sair do Egito?... Por que os egípcios haveriam de dizer: Ele os fez sair com engano?... Abranda o furor da tua ira e renuncia ao castigo com o qual havia ameaçado o povo”.
É incrível vermos num texto, de maneira tão certa, a concretização de tudo quanto nos inspira o Espírito Santo a falar acerca do intercessor. É maravilhoso vermos o poder de Deus agindo tão fortemente através da oração de intercessão. Ainda podemos aprofundar a nossa compreensão sobre ministério de intercessão em textos como Ex 32,30-35; Ex 33,13-17 e Ex 34,8-10, e meditando com eles o Senhor nos levará ao entendimento profundo da intimidade dele com o intercessor.

No livro do profeta Isaías, nós encontramos textos que nos farão compreender profundamente o ministério de intercessão. Em Is 62,6 vemos: “Sobre os teus muros, ó Jerusalém, postei guardas; eles não se calarão nem de dia, nem de noite”. Vemos neste texto que é um desejo do coração de Deus, e mais que um desejo é uma promessa, que não faltará aos seus escolhidos (pessoas e obras), intercessores, sentinelas que jamais se calarão. São esses os intercessores que o Senhor deseja, homens que não descansem e nem dêem a Ele descanso “até que se estabeleça Jerusalém”.

É uma outra característica forte do intercessor. Ele não desiste facilmente e se apóia firmemente nas promessas do próprio Deus, naquilo que Ele próprio prometera.

No livro do profeta Ezequiel, o Senhor se queixa e o seu coração se encontra muito triste por não ter encontrado um só intercessor, como vemos: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém, achei”.

Por isso se faz urgente em nossos grupos, comunidades, etc, que surjam intercessores para tapar as brechas do que são os pecados e as fraquezas de seu povo. Não são os grupos, as comunidades que clamam por intercessores, mas é Deus quem os procura, ansiosamente. É ele quem os quer, quem os deseja.

Para você que lê este artigo, no seu grupo, na sua comunidade, você não pode mais deixar o Senhor esperar. Forme, anime o ministério de intercessão e a voz do Senhor se fará ouvir com muito maior constância e as coisas caminharão com maior liberdade.
No novo testamento vemos como São Paulo, quando escreve aos efésios, exorta-os a intensificar o ministério de intercessão, isto é, fazê-lo crescer, quando diz: “Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos”. (Ef 6,18). Também repete a mesma coisa aos Filipenses quando diz: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graça” (Fl 4,6). Paulo, ainda, confiando no ministério de intercessão dos colossenses, anima-os e pede a intercessão por ele: “Sede perseverantes, sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graça. Orai também por nós. Pedi a Deus que dê livre curso à nossa Palavra para que possamos anunciar o ministério de Cristo” (Col 4,2-3).

Certamente Paulo era bem conhecedor daquele trecho da profecia de Ezequiel que anteriormente meditamos com ele. E vendo a necessidade, e sabendo como Deus procura as sentinelas, os intercessores, era que ele exortava as comunidades às comunidades a terem firme e perseverante este ministério, que seria para ele sustentáculo, alicerce em relação a vontade de Deus.

Ainda falando dos intercessores vemos através do livro do Apocalipse que eles terão a função importantíssima na vida dos salvos: “Adiantou-se um outro e pôs-se junto do altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhes dados muitos perfumes para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro que está diante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo junto com a oração dos santos, diante de Deus.”

A oração dos intercessores subirá ao trono de Deus, juntamente com a fumaça que sairá dos turíbulos que os anjos trarão na mão como sacrifício de agradável odor ao Senhor.

Nota-se que no livro do Apocalipse os intercessores são chamados de “santos” dando-nos a entender que os íntimos de Senhor são os santos, aqueles que se deixam encher pelo Espírito Santo e se santificar.


O MINISTÉRIO INTERCESSOR DE JESUS

Jesus é o intercessor por excelência, aliás, Ele é “o intercessor”. É Ele que se coloca entre o céu e a terra na sua cruz como expiação pelos nossos pecados. É dele que São Paulo fala em Rm 8,34: “Quem condenará os escolhidos de Deus? Cristo Jesus, que morreu, melhor, que ressuscitou, que está a mão direita de Deus, é quem intercede por nós”.

É dele também que nos fala São João em I Jo 2,1 quando diz: “Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”.

E o próprio Jesus se apresenta aos discípulos como intercessor quando diz em Jo 14,12-14: “Em verdade, em verdade vos: aquele que crê em mim fará também as obras que faço, e fará ainda maiores que estas: porque eu vou para junto do Pai. E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo darei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Qualquer coisa que pedirdes em meu nome, vo-lo darei”.

Então, de posse destas três passagens nós vamos entender que Jesus é o intercessor, nosso advogado de defesa diante do Pai. Jesus se oferece como vítima imolada diante do Pai para pagar nossos pecados.

Nós dirigimos nossos pedidos ao Pai, que olha para Jesus e por causa de Jesus, Ele nos concede o que estamos desejando.

É por Jesus, só por Jesus, que o Pai atende aos intercessores. É Jesus quem fica diante do Pai a interceder por nossos pecados. A Ele, nada o Pai pode negar, pois, Ele todo já se deu ao Pai, para o resgate da humanidade.

É por isso que o pedido do intercessor deve ser feito ao Pai em nome
de Jesus como nos manda a Sagrada Escritura em Jo 14,13; Jo 15,7; Jo 16,23-28.


MARIA, A INTERCESSORA:

Tomemos Jo 2,1-12.nesta passagem encontramos a narrativa das Bodas de Caná. Esta festa de casamento que aconteceu na cidade de Caná na Galiléia, teve as honrosas presenças de Jesus e Maria.

Maria, assumindo o seu papel de mãe da humanidade, assume nesta festa a sua total maternidade. Como toda e qualquer mãe, Maria se preocupa com aqueles seus filhos que anfitrionavam a festa pois o vinho deles havia acabado. Ela por si própria nada podia fazer. Porém ela se lembra que Deus a fizera bendita e que ela era agradável a Deus. Também ela se lembra que Jesus estava naquela festa. Nada mais há para fazer do que se dirigir a Jesus, pois tudo Ele pode e Maria bem sabia disso. Mas ela apenas comunica a Ele. A decisão final cabe a Jesus, pois Ele é que é Deus. Maria, porém, realiza um ato de fé, e se aproxima dos empregados dizendo-lhes que façam o que Ele mandar, pois a fé dela lhe dizia que Jesus ia se manifestar.
Maria, a grande mãe de Deus e nossa mãe, é aquela que, atenta às nossa necessidades, apresenta-as a Jesus, deixando para Ele a decisão de realizar ou não os prodígios, segundo a Sua vontade.

É essencial a nossa devoção filial à Virgem Maria. É algo que devemos estar sempre buscando aperfeiçoar porque sempre precisamos mais. Apresentemos a ela as nossas necessidades e tenhamos a certeza de que enquanto nós levamos os nossos pedidos em bandejas de latão, Maria leva os mesmos em suas bandejas de ouro. E porque é muito mais íntima do Senhor que nós, muito mais ela saberá como atingir o coração de seu amado Deus e de Seu amado Filho.

Como fez em Caná, Maria apresenta a Jesus nossas necessidades; e Jesus as apresenta ao Pai, que dispensar-nos-á as graças de acordo com a sua Vontade e os méritos de Jesus.


NOVE PASSOS PARA UMA INTERCESSÃO EFICAZ.

1. Que o coração esteja limpo diante de Deus, depois de ter dado tempo ao Espírito Santo de convencê-lo do pecado ainda não confessado. Sl 65,18: “Se intentasse no coração o mal, não me teria ouvido o Senhor.”

2. Reconheça que você não pode orar sem a orientação e o poder do Espírito Santo. Rm 8,26: “Outrossim, o Espírito vem em auxílio a nossa fraqueza, porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis.”

3. Renuncie as próprias idéias, desejos e preocupações por aquilo que se deve orar. Prov. 3,5: “Que teu coração deposite toda confiança no Senhor! Não te firmes em sua própria sabedoria”. Is 55,8: “Pois meus pensamentos não são os vossos, e o vosso modo de agir não são os meus, diz o Senhor”.

4. Peça a orientação do Espírito Santo, “buscai a plenitude do Espírito” (Ef 5,18 ) e agradeça-o pois “sem fé é impossível agradá-lo” (Heb 11,6).

5. Louve o Senhor agora, na fé, pelo ministério maravilhoso que Ele lhe concede.

6. Seja agressivo com o inimigo. Vá contra Ele com o poderoso nome de Jesus e com a “espada do Espírito”, que é a Palavra de Deus. Tg 4,7: “Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio e ele fugirá para longe de vós.”

7. Espere, em silêncio expectante na obediência e na fé, que o Senhor lhe fale. Jo 10,27: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”.

8. Use a Sagrada Escritura para orientação e confirmação. Sl 118,105: “Vossa Palavra é um facho que ilumina meus passos. É uma luz em meu caminho”.

9. Quando terminarem as intercessões, louve e agradeça ao Senhor pelo que Ele fez lembrando-se de que “tudo é dele, por Ele e para Ele. A Ele a glória pelos séculos.” (Rm 11,36).

Fortalecei minha alma, preparando-a primeiro, ó Bem de todos os bens! Ó meu Jesus! Em seguida ordenai os meios de fazer eu alguma coisa por vós. Já não há quem suporte receber tanto sem nada pagar. Custe o que custar, Senhor, não permitais que me apresente diante de vós com as mãos tão vazias, pois o prêmio será de acordo com as obras. Eis aqui minha vida, eis aqui minha honra e minha vontade. Tudo já vos dei. Sou vosso. Disponde de mim como quiserdes.


O DOM DE LÍNGUAS E O MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO.

“Outrossim, o Espírito vem em auxílio a nossa fraqueza, porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis, e Aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, que intercede pelos cristãos segundo a vontade de Deus”. (Rm 8,26-27)

O Espírito Santo que mora em nosso coração é fruto da plenitude do Amor que há entre o Pai e o Filho. E este Espírito que nos foi dado para nossa santificação vem auxiliar a nossa fraqueza. Quando a vontade de Deus parece obscura para nós, quando não entendemos os desígnios de Deus para a nossa vida, ou para a vida do irmão por quem intercedemos, podemos, com toda certeza, orar na língua do Espírito Santo e deixar que os “gemidos inefáveis” cheguem ao Trono de Deus, na certeza de que o Espírito só intercede dentro da vontade de Deus e jamais sairá dela.

Com isto, vimos que o dom das línguas, sinal que acompanha os discípulos de Jesus é o próprio Espírito orando em nós. O ministro de intercessão jamais poderá deixar de orar nesta língua, porque ele tem a certeza de que o Espírito Santo caminha muito além do que se pode perceber ou experimentar, pois Ele penetra até mesmo as profundezas de Deus. (I Cor 2,10).


CONCLUSÃO

Este artigo cumprirá o seu objetivo se as pessoas que o lerem o levarem os seus grupos ou comunidades que já têm o ministério de intercessão a se aprofundarem no estudo e na escuta do Senhor. E também, se os grupos que não têm o ministério de intercessão sentirem-se por ele motivados a iniciarem este ministério que está no coração de Deus, ansioso por atuarem em nosso meio.


Comunidade Shalom