terça-feira, 19 de abril de 2011

Ir a Deus de coração sincero, mesmo pecador


Durante muitos anos eu preguei que a multidão que estava com Jesus na entrada de Jerusalém foi a mesma que depois gritaria “crucifica-o”. No entanto, J. Ratzinger-Bento XVI, no seu novo livro “Jesus de Nazaré – Da entrada de Jerusalém até a Ressurreição”, deu-me outra visão das coisas. Ratzinger nos explica que há duas multidões, a primeira é a que acompanhava a Jesus e que o aclamava com “hosanna” e com “bendito o que vem em nome do Senhor”; a outra multidão foi a que gritou “crucifica-o”. Ainda que não me estranhasse que algumas pessoas que faziam parte da primeira multidão estivessem entre os da segunda, pareceu-me convincente a explicação de Ratzinger. Ajuda-me a ver a primeira multidão de uma maneira mais próxima a nós. As pessoas que aclamam a Jesus no dia de hoje não aparecem como falsas ou mesquinhas e traidoras no porvir. Elas atuavam com um coração sincero. Ainda que as pessoas possam perverter-se, é preciso dar-lhes sempre um voto de confiança.

Nós, quando louvamos e bendizemos a Deus, quando estamos bem perto dele e dizemos que nós o amamos e depois, talvez não muitas horas depois, o traímos com alguma ofensa grave ou pedimos a sua morte a través dos nossos pecados, não estávamos sendo falsos nem hipócritas. Nós que louvamos a Deus, mas depois nos deparamos com as nossas fraquezas patentes, temos que apoiar-nos mais na misericórdia, mas não devemos pensar que estamos fazendo teatro.

Quando nós dizemos nos nossos atos de contrição, “eu não quero mais pecar”, o Senhor sabe que a nossa vontade é débil e sabe que o ofenderemos novamente, no entanto, Deus acredita de verdade, ele não finge que acredita na nossa contrição. Ele conhece o nosso coração e sabe que não queremos enganá-lo, sabe também que nem sempre nós acreditamos nas nossas promessas de fidelidade e de bons desejos. Não é verdade que nalgum momento fizemos um ato de contrição com aquela pergunta mais profunda que questionava a nossa sinceridade para com Deus?

Deus sabe mais. Claro que sim. Não é hipócrita quem peca e se arrepende, não é falso que ofende a Deus e se confessa, não é descarado quem chora os seus próprios pecados e depois se alegra em praticá-los. Não. A debilidade humana existe. E como existe! Mas a graça de Deus também existe. E como existe!

Aclamemos o Senhor no dia de hoje com todas as nossas forças. Nós nem sabemos quando gritaremos “crucifica-o”, talvez nunca mais diremos essas palavras. No entanto, livre-nos Deus da “presunção petrina”. Presunção petrina? Refiro-me àquele episódio no qual Jesus anuncia a Pedro que ele o negaria três vezes. O apóstolo, confiando nas suas próprias forças e no seu amor ao Senhor, diz que isso não aconteceria. Pobre Pedro! Nós já sabemos como termina a história. Graças a Deus termina bem: com um ato de arrependimento, com o perdão de Jesus e com um trabalho apostólico depositado nos ombros de Pedro que o faria não complicar a própria existência, mas simplesmente continuar trabalhando pela glória de Deus e pelo bem dos irmãos.

Não nos compliquemos a existência desde o começo, ou seja, evitaremos inclusive a presunção petrina. Deus nos recorda com frequência: “meu filho, cuidado, confia mais em mim; do contrário, você se quebrará”. Digamos ao Senhor: “é certo, Senhor, reconheço o real perigo de quebrar-me interiormente. Salva-me; do contrário, perecerei.” Digamos com o coração, sem nenhuma falsa humildade: “salva-me!” Não nos assustemos conosco mesmos. Haja sempre paz em nossa alma. Deus é nosso Pai e nós somos os seus filhos. Que mais queremos? Além do mais, o Senhor colocou à nossa disposição os meios para que fôssemos restaurados: a confissão, a comunhão, a oração, a caridade, etc. Permanecendo sempre no caminho de Deus, continuemos o nosso louvor a ele junto aos da primeira multidão: “bendito o que vem em nome do Senhor”.

Fonte: Com. Shalom

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Encaminhamentos para Construção e Formação dos Apostolados Locais da Benção


Amados irmãos do Apostolado da Bênção, Graça e Paz!
Que as graças do Coração do Nosso Senhor sejam derramadas em abundência em nossos corações fazendo de nós, instrumentos de Paz e conversão!

Estamos em constante missão e nos organizarmos como Apostolado da Bênção é permitir que Deus realize seus prodígios e milagres através de nós, povo a quem Ele escolheu como herança, como canais de graça, de paz, de amor, de bênção.

Nossa missão é sublime pois não agimos por nos mesmos, mas Por Cristo, com Cristo em Cristo para glorificação de seu Nome e salvação de nossas almas. Agimos para que muitos possam estar na presença de Jesus, com Ele viva e seja feliz.

Precisamso abraçar essa causa, precisamos acolher e amar nosso chamado. É a nossa felicidade, é nossa missão.

Assim, os encaminhamentos que seguem são para subsidiar a formação dos Apostolados Locais da Bênção de cada DJC Local, tendo como objetivo viver nossa vocação, assumir nossa missão...

Estive dia 10/04/11 no DJC Palmacia encontrando-me com o Apostolado Local da Bênção e foi muito bom.O Encontro aconteceu pela manha e senti que Deus esta nos levando pelo caminho certo. A tarde fui a Pacoti e reuni-me com o Apostolado de lá e mais uma vez, o encontro foi ungido, acolhido e ja sai de lá com a certeza de que muitos frutos serão colhidos... Preciso ainda me encontrar com o Apostolado do Antonio Bezerra, que está com o Apostolado da Bênção em construção para repassar, estudar, Meditar estes direcionamentos, para na unidade do Espirito Santo sermos um só DJC vivendo nossa vocação, assumindo nossa missão.


Vejamos:

CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Neste primeiro momento, estamos estruturando em cada DJC local o Apostolado da Bênção, dadas a importância da evangelização e a formação integral de discípulos servidores, bem como a organização e articulação dos ministérios Carismáticos deste Apostolado: Devoção Mariana, Ministros de Oração, Pregadores,Liturgia, Intercessores...

Temos como referencial para nosso crescimento, O Siloé, encontro de oração semanal , evangelização e integração do DJC e se bem percebermos, a Bênção tem uma fundamental participação e responsabilidade em realizar tudo com parresia, mistagogia e unção para que se realize a missão ordenada por Cristo de “ser” e ‘formar’ novos discípulos para o reino de Deus, como manter a unidade entre todos os específicos do DJC, visto que um de nossos objetivos é Bendizer a Deus e ser instrumentos da sua benção na vida dos outros.

Deste modo, precisamos nos organizar, rezar nossos serviços e crescer, conforme o carisma que Deus conceder a cada um, no seu serviço específico. Temos sempre que lembrar, nossa vocação é um chamado e aquele que chama deseja que nosso sim seja dado no dia dia de nossa missão, do nosso zelo e crescer como apostolado da Bênção, significa a renovação do nossos sim ao Pai, em favor dos irmãos. Por isso, o nosso melhor sempre deve ser dado, não por obrigação, mas por Amor a Deus, ao irmão, ao DISCIPULADO.

Outro meio importante é a formação. Existe uma gama de informações que nos são repassadas a cada momento. Umas ate ajudam, outras deturpam a imagem de Cristo, distorce as palavras do evangelho e se não tivermos atentos, ate nós mesmo teremos nosso olhar desviado e como aconteceu a Pedro, quando se tira o olhar de Cristo, a fé enfraquece e somos sugados para baixo e afundamos.

Vamos evangelizar! Assumamos o que Cristo nos confiou. Terão sacrifícios? Será necessário disciplina? Sim, mas a vitória é certa e alegria dos frutos que se colhe, as almas que são levadas a Deus, a alegria de ver alguém saindo das trevas, do pecado, da mentira e voltando para Cristo, garanto, a alegria da salvação é tão profunda para quem vive, como para quem ajudou a vivê-la. Vamos colher, mas antes temos que plantar, com tudo o que isso implica, desde o cavar, lançar a semente e esperar a colheita. Eu acredito que somos frutos da bondade de Deus e que somos dignos de sua confiança!

DIRECIONAMENTOS

• Os encontros do apostolado deverão acontecer no mínimo de 2 vezes ao mês. Os primeiros encontros são para ir criando os laços de fraternidade, favorecer ambiente de crescimento de irmãos e zelar pela vocação, que também é a missão do DJC, “ser e formar discípulos, assim como aprofundar-se no que é próprio desse apostolado.
• Daí, um destes encontros fica para a intercessão e encaminhamentos e o outro, para formação. Segue algumas orientações para estes encontros:

Orientação I- Encontro de Intercessão

Ambiente Silencioso e agradável. É importante o reservasse para rezar. Não é mais um encontro, é um colocar-se diante de Deus para interceder pelo outro, em favor do outro... Não precisa correria. (Reservar no mínimo 1 hora);Se essa poder ser feita diante do Santíssimo Sacramento, segue-se também o Silêncio da adoração, mas sempre intercessoria.

*Invocação a Trindade Santa;

*Devoção Mariana- Terço Mariano, 1 Mistério, Terço da Misericórdia, Da providência ( Ver as necessidades) .Pedir a mãe sua Intercessão...

*Oração de Súplica e entrega ao Espírito Santo
-Oração de Intercessão por toda obra DJC, por sua vocação e missão, Pelo Acompanhante Geral, Pela Igreja, e pelos Pes. do mundo inteiro(Papa, Bispos) e pela necessidades que são confiadas ao DJC rezar;

*Palavra de Deus/Meditação;

*Encaminhamentos do Apostolado/Oração final

O 2º encontro será para formação, que pode ser subsidiada pelos temários de MOPDs, Irmanador, DOCs da Igreja e outros que poderão ser encaminhados pelo Acompanhante Geral ou pela Conselheira da Bênção.

Agora, tendo em vista a estruturação deste apostolado, encaminho para que em maio, todos possam fazer o Temário da Oração Cristã ( adquirir livro com as publicações do DJC- Temário 2) e fazer encontros ininterruptos que culminará no encontro de espiritualidade, mais ou menos no inicio de Julho.

ORIENTAÇÃO 2- FORMAÇÃO

Ambientação
Momento Inicial ( animação e fraternidade/Recolhimento e Oração)
Palavra de Deus ( Meditação Orante/ partilha ou Pregação)
1º Encontro da Oração Cristã ( Temário 2)- Meditação Orante da Palavra de Deus
2º Encontro da Oração Cristã ( Temário 2)- Oração da fé
3º Encontro da Oração Cristã ( Temário 2)-Oração do Coração
4º Encontro da Oração Cristã ( Temário 2)-Oração no Espírito Santo
5º Encontro da Oração Cristã ( Temário 2 )-Glorificai a Deus com vosso corpo
6º Encontro da Oração Cristã ( Temário 2)- Ao Senhor teu Deus adorarás
7º Encontro da Oração Cristã ( Temário 2)- Louvai o senhor
ENCONTRO DE ESPIRITUALIDADE DA ORAÇÃO CRISTÃ
(Escolhe-se um dia inteiro para este encontro- Ver programação e direcionamentos no TEMÀRIO 2 pags 51 a 57)

Obs 1:. Desejamos que na caminhada cada DJC Local tenha sua equipe de intercessores. Mas, como em alguns DJCs estamos no processo inicial, vamos seguir a principio, estes encaminhamentos.

Obs 2: Lembramos que nos encontros de formação, a Oração é mais breve, no máximo 40 minutos com Oração e Palavra de Deus. O foco aqui e a formação.

Obs 3: Disponibilizo-me a está nos Encontro de Espiritualidade (Encerramneto do temário). Contudo, o articulador precisa ligar antes para confirmação e agendamento. Não se pode esquecer também que o Apostolado da Benção caminha em comunhão com o DJC Local. As decisões passam pela aprovação do Acompanhante Local.

“Eu sou a Videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, por que sem mim vocês não podem fazer nada. (Jo 15, 6)


Mão e corações a obra!
Leila Lemos
Conselheira Geral do Apostolado da Bênção

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O dom de si


Hoje em dia pensar em vocação é um tema adormecido ou esquecido para muitas pessoas. Isso ocorre porque há na cultura moderna, uma tendência maior de olhar mais para fora de si do que para dentro de si e a vocação é algo escondido no profundo do nosso ser, diz respeito a nossa própria existência.

Podemos dizer que a vocação está em cada um como um mistério a ser decifrado. Cada pessoa precisa no decorrer da sua vida trilhar o caminho que a ajude a decifrar o mistério contido em si mesma e aí descobrir a sua vocação, o seu chamado essencial de ser e agir, que é único e irrepetível. “O homem é ontologicamente mistério… a vocação é um modo de aceitar essa realidade tentando corresponder a ela, como pode ser o ingresso no Mistério, um dar espaço para Deus na própria vida a fim de que o próprio mistério pessoal se torne decifrável. (…) A vocação, entendida segundo a doutrina cristã é, ao mesmo tempo, revelação e dilatação do próprio mistério.” (Amedeo Cencini – Redescobrindo o Mistério p. 10). Em função disso fica evidente que a perda do senso de mistério gera uma cultura e uma atitude antivocacionais.

A vocação toca a pessoa no modo como ela deve viver a vida cristã, o seu batismo – como leigo, leigo consagrado, religioso ou sacerdote – e também se relaciona ao seu estado de vida – o chamado ao matrimônio, à castidade consagrada ou o sacerdócio. Os modos de viver o batismo e o estados de vida estão logicamente correlacionados, dizem respeito a uma única vocação da pessoa e são coerentes entre si. Cada pessoa deveria descobrir primeiramente sua vocação (o modo de viver o batismo) e a partir dela o seu estado de vida.

Mas a vocação atinge ainda de modo mais profundo a vida de cada um. Deus quer fazer de cada filho seu uma obra de arte e obra de arte é coisa única. A partir do momento em que a pessoa descobre a sua vocação, dentro deste chamado específico encontrará um chamado mais profundo que revela algo de muito pessoal sobre como ela deve ser e agir na sua própria vocação, ou seja, cada pessoa leiga que vive o matrimônio terá um chamado específico dentro desta realidade, algo de único e irrepetível; também um leigo consagrado seja no matrimônio ou no celibato terá um chamado pessoal específico na vivência da sua consagração que só ele poderá realizar; o mesmo se dá para o religioso ou sacerdote.

É comum chamarmos esse chamado mais profundo e específico, que existe na vocação de cada pessoa, de missão pessoal. É um chamado que Deus faz a cada um na particularidade da sua vida mesmo dentro de uma comunidade ou de um carisma. A realização da missão pessoal acontece no dia-a-dia nas decisões, na história, no trabalho etc. É portanto imprescindível que cada pessoa descubra o ponto irrepetível que Deus colocou em sua vida, algo que já está presente dentro de si e é revelado pelas circunstâncias.

Tudo isso é muito importante porque o fato da vocação e missão pessoal serem únicos para cada ser humano, de darem sentido à vida de cada pessoa, significa que a realização plena de cada um e a sua felicidade dependem da vivência desta vocação. Contudo para vivê-la é preciso antes encontrá-la.

Encontrar a vocação é descobrir para que viemos ao mundo, para que Deus nos criou, se descobrirmos isso, descobriremos o sentido do nosso existir e o caminho da nossa mais plena realização. Muitas pessoas vivem frustradas, sem sentido, sem realização porque se deixaram levar pela vida e não chegaram a fazer essa descoberta da própria vocação. Alguns até fizeram, mas pararam aí sem chegar a aprofundar a descoberta para encontrar o seu chamado único e irrepetível, o que também gera frustração e desilusão. A auto-realização plena verdadeira é aquela que coincide com o projeto de Deus para a vida de cada um (esse projeto é o chamado, a vocação e missão pessoal) pois só nele a pessoa pode comprometer-se e dar o melhor de si mesma, e alcançar o maior grau de santidade.

Para chegar à maturidade da fé é fundamental alcançar a maturidade da vocação. Aquele que não descobre, não abraça e não se entrega à sua vocação não consegue atingir a maturidade da fé. Por isso também é que cada pessoa precisa descobrir e aceitar a sua vocação.

O processo de descoberta da vocação deveria acompanhar o desenvolvimento humano de cada pessoa. Uma preparação que se inicia desde a infância no seio da família; depois segue adiante na pré-adolescência com a descoberta da identidade pessoal e com os anseios, sonhos e expectativas para a vida adulta, este é o momento de encontrar modelos e de se deixar atrair por eles. Na adolescência, uma fase de crises, esse processo continua, é momento de descobrir que é preciso assumir a responsabilidade com a própria. Chegando à juventude amadurecem as escolhas da vida, este é o tempo determinante na descoberta da vocação, em que o jovem deveria se questionar de modo mais intenso sobre os seus anseios, seus dons e fraquezas, sua disponibilidade de servir, para chegar num ponto preciso e perceber a responsabilidade necessária para assumir o chamado. A partir da descoberta da vocação, na fase adulta, é momento da definição do estado de vida, que deve ser coerente com a própria vocação.

À medida que a pessoa assume sua vocação e estado de vida ela começa a trilhar um caminho de aprofundamento na vivência destas escolhas que levará a descobrir o ponto irrepetível que Deus colocou em sua vida, a missão pessoal. Em todo esse processo se faz necessário um acompanhamento pessoal com um orientador ou diretor espiritual. Essa ajuda é importantíssima para compreender a própria vocação.

Descobrir a própria vocação implica em viver o seu mistério de modo autêntico. “O mistério de cada pessoa é concomitantemente aberto ao infinito e encarnado no tempo e no espaço por meio de formas e limites que a história original de cada indivíduo contribui para traçar e fixar” (Amedeo Cencini – Redescobrindo o Mistério p. 10). Viver o mistério de modo autêntico é, na verdade, decifrá-lo no decorrer do progresso da própria vida, a partir dos pontos fundamentais da nossa história de forma a aceitar a própria vocação. Quem não sabe se abrir para o mistério contido em si, fecha-se também para algo que proporciona o conhecimento pleno de si (das suas aspirações e vulnerabilidades) e da própria vocação.

Para descobrir a própria vocação é preciso trilhar um caminho de discernimento. É preciso entender que vocação não se dá por acaso na vida de alguém e também não é uma escolha aleatória que se faz diante de várias alternativas, mas está escrita no coração de cada pessoa desde o momento no qual Deus a criou. Por isso para encontrar a própria vocação é preciso cavar dentro da sua própria história e ir descobrindo o fio que liga os fatos da sua vida, as intervenções e manifestações de Deus que apontam para algo específico. É reconhecer, dentro da própria história, o projeto de Deus que lhe chama para uma missão.

Colocar-se diante do próprio mistério é o primeiro passo para um discernimento vocacional. Significa ler o Mistério do amor de Deus dentro do mistério da própria existência. Mas para isso é preciso identificar as formas pelas quais o mistério pessoal se serve para revelar-se. Nossa vida está repleta de sinais e de símbolos que nos introduzem no mistério de nós mesmos, ou que apontam para ele. O mistério está sempre dentro de nós e se torna perceptível de vários modos: nos atos informais, como um jogo, um momento de descontração, a forma de rir etc; nos momentos em que nos deparamos com a dor, o sofrimento, a perda, o luto que podem despertar atitudes de fuga, resignação, distância, luta, aceitação etc; também nos momentos de solidão e no modo de vivermos a intimidade e a relação conosco e com os outros; e principalmente nos critérios que cada um estabelece para sua satisfação ou insatisfação, aquilo que nos torna felizes ou infelizes. Há também uma atitude existencial muito significativa que ajuda a revelar o mistério do próprio eu: deixar emergir aquela pergunta que habita e ressoa no seu íntimo, mas que nem sempre se sabe formular de modo adequado.

Identificar essa pergunta, que cada um traz dentro de si significa entender o porquê de certo caminho ou de certa busca. Ela revela o que realmente o coração anseia. Diante disso num processo de descoberta da vocação é muito importante se questionar, sabendo fazer as perguntas certas e dando a elas uma relação de continuidade, formando uma cadeia de interrogações que conduzam a raiz daquilo que se está procurando. Saber isso é fundamental para uma decisão vocacional, essa é a primeira pergunta que devemos responder a Deus quando começamos a buscar a nossa vocação: O que procuramos? Foi a pergunta de Jesus para André e Felipe que o seguiam: “O que procurais”, e eles responderam “Rabi, onde moras?”.

A descoberta da vocação é um trabalho de construção de si mesmo, da sua própria identidade. Um trabalho que exige atenção, escuta, paciência, docilidade para acolher a palavra de Deus, sensibilidade e também a ajuda de um orientador ou diretor espiritual. O orientador é quem ensina distinguir a voz de Deus e também a responder ao chamado que Ele faz, assim como foi a ajuda de Heli para Samuel (cf Sm 3, 3-19).

Neste processo, para ouvir o chamado é preciso estar atento como Samuel que repousava junto a arca. Faz-se necessário estar na presença de Deus, o que acontece por uma vida de oração fecunda. Também é preciso desejar acolher a vontade de Deus para poder ouvi-lo. “Fala, Senhor, que teu servo escuta”

O chamado é entendido e decifrado a partir de uma “experiência pessoal com Deus”. Nessa experiência Ele revela o seu projeto para nós, assim como fez com Moisés (cf Ex 3; 4) e Pedro (Jo 21,15-19). Para atender a esse chamado é preciso tirar as sandálias, ou seja, se despir dos próprios medos, incertezas, preconceitos, inseguranças e também da vontade de querer controlar e conduzir a própria vida por si mesmo. É preciso despir-se da lógica humana para entender as coisas de Deus pela sabedoria do Espírito.

Diante de um chamado é natural ter dúvidas, medo das conseqüências e tentar esquivar-se. Moisés também passou por isso. É a força da experiência de Deus que dá coragem para vencer o medo e responder ao chamado. Pedro também teve medo das conseqüências de seguir Jesus e por isso O negou três vezes (Jo 18,17. 25-26), mas depois da experiência do olhar de Jesus entendeu o Seu amor e, então, deu sua resposta assumindo sua vocação (Jo 21, 15-19).

A vocação autêntica nasce no terreno da gratidão, pois a vocação é uma resposta, não é uma iniciativa da pessoa. O trabalho de leitura da própria vida deve levar precisamente, a essa atitude interior de gratidão. Pois deve levar a pessoa a reconhecer todo bem que recebeu – bens dados por Deus e também benefícios recebidos por tantas mediações humanas que são utilizadas por Deus – e chegar a consciência de que (em qualquer caso ou situação da sua vida, por pior que tenha sido) esse bem é sempre muito maior que tudo aquilo de negativo que faz parte da sua própria história. Essa descoberta desperta a pessoa a conceber a oferta de si própria dentro da opção vocacional como uma conseqüência lógica e inevitável, como um ato livre porque é determinado pelo amor, mas também como um dever porque se posiciona diante do amor de Deus que a chama e a impele a dar uma resposta: o dom de si.

Luciane Cristina Mendes Bidóia

domingo, 3 de abril de 2011

Acompanhamento aos Apostolados Locais da Bênção

Graça e Paz! Que Deus nos abençoe abundantemente em Cristo Jesus, derramando em nosso corações, seu Santo Espirito.

Já está confirmado os Encontro de Formação e acompanhamento ao Apostolado Local da Bênção de Palmácia e Pacoti:

Palmácia: Domingo(10/04)- de 8h às 12h- Sede do DJC.
Pacoti: Domingo (10/04)- Das 16h em diante.

Contamos com a participação de todos os servidores da Bênção do Local.

Outras informações vou postando no decorrer da semana.

Graça e paz!

Leila Lemos
Conselheira Geral do Apostolado da Bênção