quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Oração: Fonte de oxigênio



Enquanto estivermos nesta vida, estaremos num vale de lágrimas, gemendo e chorando. Não pense que Deus é mágico e que, de repente, tudo vai se transformar em sua vida e você nunca mais vai ter problemas e sofrimentos: este é um terrível engano em que o próprio diabo nos coloca e que nos fragiliza. É totalmente o contrário: por nossa vida ser o que é, precisamos rezar sem cessar.

Ninguém consegue ficar por um período muito prolongado debaixo d’água; depois de um tempo, por mais resistência respiratória que possua, é obrigado a vir à tona, senão morre. É diferente se você o faz como os mergulhadores profissionais que usam máscara de oxigênio e respiram tranqüilos. Se o oxigênio termina ou alguma coisa acontece, eles têm de subir depressa para a superfície da água, senão morrem. Porém, enquanto o oxigênio flui, eles então tranqüilos, nadando no mais profundo do mar.

A receita para vivermos neste vale de lágrimas é justamente este "fluir do oxigênio", que é a oração. Ela é oxigênio de Deus para nós. Ninguém agüenta viver neste vale de lágrimas se não estiver munido desse "oxigênio".

Os Anjos que não foram desobedientes e, portanto, já venceram, querem que vençamos também; não querem que terminemos no fundo do mar da vida. Quando oramos, o "oxigênio" nos é ministrado pelos Anjos e santos que vêm em nosso socorro para conseguirmos agüentar as dificuldades do dia-a-dia.

Assim diz o Livro do Apocalipse: “O diabo desceu para junto de vós, cheio de grande furor, sabendo que lhe resta pouco tempo” (Ap 12,12b). Veio para nos destruir e com fúria. Se não somos pessoas orantes, perecemos. Não sejamos nadadores ingênuos! Por melhores mergulhadores que sejamos, se não tivermos oxigênio suficiente, não conseguiremos. E mais: o oxigênio precisa fluir continuamente.

Não conseguimos ficar sem oração; sem o fluir do "oxigênio" que a oração nos proporciona. Por isso, precisamos interceder uns pelos outros, apresentando continuamente as nossas necessidades a Deus. Como São Paulo disse: “Orai incessantemente” (1Ts 5,17). Esta é a receita. Neste vale de lágrimas, a receita é orar sem cessar!

O Senhor quer despertar em nós a certeza de que nossa oração é atendida. É muito simples; compreenda o exemplo: o nadador testa o cilindro de oxigênio antes de entrar na água. Quando o faz, ele tem certeza de que funciona tanto em cima como embaixo d’água. As leis do Reino de Deus funcionam “lá em cima” e funcionam “aqui embaixo”. O problema é que não as colocamos em funcionamento aqui na terra. Se estamos com preguiça e não abrimos o oxigênio hoje, se não o abrimos amanhã e assim por diante, acabamos morrendo. Se não oramos, perecemos. Se não abrimos a "válvula do oxigênio", que é a oração, morremos.

Se estamos chateados, com algum problema, é justamente por essa ração que devemos abrir mais o "oxigênio", e isso significa rezar mais! Se você está cansado, sem forças, você precisa rezar. Talvez, sem forças, você somente pronuncie: “Meu Deus, piedade! Meu Deus misericórdia!” Mesmo que seja apenas “Meu Deus!” ou apenas “Jesus”. O importante é você estar orando, e o oxigênio haverá de borbulhar.

O Evangelho de São Mateus nos instrui assim:

“Em verdade eu vo-lo declaro: tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo que desligardes na terra será desligado no céu” (Mt 18, 18).
No capítulo 16, São Mateus traz essa palavra de Jesus dirigida a Pedro, chefe da Igreja. Aqui no capítulo 18, ela é dirigida a todos nós. Na Igreja toda, quem liga a Terra ao Céu é Pedro. Mas em nossas situações particulares quem deve fazê-lo somos nós.

Na sua casa, na família, nas mil situações do seu dia-a-dia, quem liga a Terra ao Céu, pela oração, é você. Se você reza, a ligação se faz e o "oxigênio" flui. Se não reza...

O oxigênio funciona em cima e embaixo da água, mas, se você não o liga, ele não funciona. Mais uma vez: mesmo que, no barco, o cilindro esteja cheio de oxigênio, se o mergulhador no fundo do mar não o abrir...

O que falta? Falta ligar embaixo, ou seja, aqui na Terra. Se já choramos muito neste vale de lágrimas e fomos ao fundo do poço, é porque não orávamos como era preciso; não rezávamos com a fé necessária. Capriche na oração! Treine cada vez mais! Ore sem cessar! Se desligou o "oxigênio", ligue -o outra vez. Volte a rezar!

Vejamos o exemplo de Epafras, discípulo de Paulo:

“Saúda-vos Epafras, vosso conterrâneo; este servo de Jesus Cristo não cessa de travar por vós o combate da prece, a fim de que permaneçais firmes, perfeitos, dando pleno consentimento a toda a vontade de Deus” (Cl 4,12).

Ele não cessa de travar o combate da prece. São Paulo reconhece nele essa qualidade de intercessor e o apresenta como modelo aos cristãos do seu tempo. Eles não podem deixar de travar o combate da prece.

É isso que o Senhor apresenta hoje a nós, que vivemos neste vale de lágrimas. Eu e você não podemos deixar de travar o combate da prece.


Retirado do livro: Anjos companheiros no dia-a-dia - Padre Jonas Abib.