quinta-feira, 13 de maio de 2010

Discipulos curados para Amar e Servir



“Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo aquilo que ordenei a vocês!”Mt 28,19-20

Deus quis necessitar dos homens para difundir seu Evangelho e para dispensar sua Graça. A missão de fazer com que todos os povos se tornem discípulos de Jesus exige de nós uma perfeita comunhão com Aquele que desde o “princípio nos fez bons, nos ‘modelou’ à sua imagem e semelhança; colocou em nossos corações a vocação de se sermos santos, irrepreensíveis, transcendentes, ou seja, de irmos além dos limites de nossa estrutura física, psicológica, cultural; irmos além de nossa própria historicidade, no rumo da eternidade.”

Deus criou o ser humano como pessoa e lhe deu a missão de crescer em todas as dimensões.

Porém, o maligno que sempre se contrapõe ao projeto divino, vai criando inúmeras formas para desencaminhar e destruir a criatura humana e, com isso, toda a missão para a qual fomos predestinados.

O inimigo de Deus quer a nossa destruição. Somos um terreno disputado. Ele tende a aproveitar-se das nossas feridas psicológicas(rancor, mágoa, ressentimento), que são verdadeiras pancadas sofridas na trajetória da vida, para nos atacar e causar danos de nível espiritual.

Todas essas emoções negativas vão criando feridas no nosso coração, bloqueando-nos para a vivência plena do amor maior e nos impedindo de assumir totalmente a nossa vida em Deus.

Muitas vezes nem temos consciência dessas feridas interiores, no entanto, elas emergem em forma de angústia, tristeza, depressão, ansiedade, carência afetiva, ciúmes, pessimismo, hipersensibilidade, arrogância, teimosia, etc

Esses traumas interiores vão ficando dentro do nosso processo de crescimento. Lançam irmão contra irmão, separam, obscurecem e destroem a unidade. Então acontece o que disse São Paulo: muitas vezes não fazemos o bem que queremos e, quase que inexplicavelmente, acabamos fazendo o mal que não queremos(Rm 7,15).

Como consequência, produzem-se situações de alta tensão, abrem-se profundas rachaduras no corpo do movimento, o que às vezes dura muito tempo, levando-nos a um afastamento do caminho que Cristo nos abriu para Deus e para o irmão.

Surge, a partir daí, a grande necessidade de se buscar a restituição da saúde interior; de curar as feridas do coração. Nesse caso, afirma Ignácio Larrañaga, que “a oração deve fazer vivamente presente Deus, cuja ‘lembrança’(presença) deve sufocar em mim as vozes do instinto e motivar condutas semelhantes à de Jesus.”

A Graça que tanto precisamos e a saúde interior que tanto desejamos só é possível em Jesus. Quanto mais se reza, mais Jesus está vivo na pessoa que o invoca. Quanto mais vivo Jesus está, mais vai triunfando em nossas vidas a vitória de Cristo. “Triunfe em vossos corações a paz de Cristo para a qual fostes chamados”(Cl 3,15).

Entretanto, não nos enganemos. Todo esse processo de cura interior para um vida nova não é instantânea, de uma hora para a outra, como que por milagre. A vida nova nasce num processo de busca, decisão e confiança na Graça de Deus, com a nossa cooperação. “Como somos aquilo que fomos decidindo ser no decurso dos anos, na intersubjetividade com os outros e com Deus, fomos sendo ‘construídos’ ou ‘destruídos’ aos poucos. Então é preciso todo um processo de cura, restauração e libertação de tudo aquilo que foi sendo danificado por conta dos erros e pecados que praticamos ou recebemos”.

Neste sentido, cabe a nós vigiar e travar uma luta contra todos os instintos provenientes da maldade. Deus disse a Caim: “...o pecado está escondido, agachado atrás da porta. Ele te espreita como uma fera. Mas tu tens que dominá-lo”(Gn 4,9). Orando por nossa cura interior, vigiando e lutando contra os nossos pensamentos e sentimentos negativos, decididos a não sermos “fantoches” do inimigo e firmes, em Nome de Jesus, iremos reavivar e desenvolver integralmente nossa vida cristã-batismal na perspectiva de crescermos plenamente na nossa vocação para a santidade.

Busquemos ser pessoas novas que no poder de Deus, sob a ação do seu Espírito, não permanecem esperando que o tempo nos modifique, pois “o tempo faz é apodrecer”. Decididos, caminhemos para ser pessoas novas com atitudes novas. Afinal, não se põe remendo de pano novo em roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano e o rasgo fica maior ainda”(Mt 2,21).

Quando caminharmos nessa busca de santidade e cura interior, e anunciarmos a Palavra de Deus com palavras e atitudes, como afirmou João Paulo II, teremos um tempo novo de santidade.

Devemos ser discípulos curados para amar e servir!

Nesta alegria de sermos escolhidos de Deus e pela intercessão de Maria, a primeira e mais perfeita discípula de Jesus, mãos e coração à Obra. Graça e Paz!

Leila Lemos
Acompanhante - DJC Cascavel